Lia uma crônica de Machado de Assis em que se refere aos cronistas como aqueles que se
ocupam das histórias miúdas.
Voltei para
a casa de campo depois de mais de duas semanas. Aos poucos começam a voltar
sensações que reúnem outras sensações, sentimentos, lembranças.
Presenças
de pessoas que aqui estiveram. Familiares e amigxs. As lembranças me
acompanham.
Tantas vezes
tenho dito tantas coisas sobre ler e escrever, mas o tema é inesgotável.
Não me
importa me repetir. Tudo se repete. Repete o vento o teu nome que me alcança e
anda por dentro de mim. Repete-se o sol que anda pelo céu entre nuvens repetidas
talvez ou não, pouco importa.
Leio o que
escritoras e escritores dizem sobre o escrever(1) . Refletem a vida e a sua
complexidade. Se desfaz uma sensação de estranhamento e alheamento.
Raivas e
medos encontro frequentemente. O passado invade o presente. Olho para o que
aqui está e vejo que aqui e agora tem muito mais amor, amizade, alegria,
prazer, paz, criatividade, unidade. Talvez tenha sido assim também em outros
tempos. Tudo se costura e se reúne.
Reluto em deixar
a página mas ela prossegue debaixo dos meus pés.
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(1) Penso especialmente em Cecília
Meireles (Escolha o seu sonho), Ray Bradbury (Zen em el arte de escribir), Cora
Coralina (Histórias da Casa Velha da Ponte), Vincent Van Gogh (Cartas a Théo),
Jorge Luis Borges (Obras completas, Arte poética), Julio Cortázar (Diario de
Andrés Fava).