sábado, 19 de dezembro de 2020

Sentidos e significado

Qual o sentido da vida? Quando você ouve esta pergunta, busca uma explicação ou um sentimento, uma sensação?

Eu senti hoje uma sensação. Tranquilidade, sossego, serenidade, paz. Percebi creio que pela primeira vez, que o sentido da vida é uma sensação. Uma certeza, diria, se é que esta palavra não estivesse contaminada por um uso que a associa a convicção, crença.

Quando eu digo que o sentido da vida é para mim uma sensação, um sentimento, uma certeza, estou aludindo a algo que meu coração sente, meu corpo sabe, minha compreensão intui sabiamente.

Sabedoria é para mim um conhecimento integral. Contêm uma intersecção de outros saberes além do racional que, como é sabido, por sua vez contêm várias modalidades (conceitual ou lógico, poético, sensível, filosófico).

Estas sensações e sentimentos me vieram esta manhã de 20 de dezembro de 2020, enquanto indagava para mim mesmo sobre Sentido e Significado. Sentidos, no plural. Qual o sentido de sentir. Qual o sentido de viver? Qual o sentido de amar?

Acredito que a busca pelo sentido nos traz para o mundo do corpo, o mundo físico, relacional, material, social. A busca pelo sentido nos traz para a vida em toda a sua complexa e integrada multidimensionalidade, que venho tentando explorar e conhecer experimentalmente desde há tempos.

Os dias de hoje parecem ser bastante avessos à busca do sentido. A busca de sentidos pareceria ser ofício de diletantes. Nada mais contrário à verdade. Quem não se ocupa em saber o que sente e o sentido do que é e faz, muito provavelmente apenas esteja vegetando. Alguém conduz a sua vida. Alguém pensa e sente por você, cordeirinho, cordeirinha rumo ao matadouro.

E por falar em morte e ameaças de morte, não posso deixar de sentir uma profunda tristeza em ver o país que me acolheu --como acolheu inúmeras outras pessoas oriundas da Argentina quando o eu país estava mergulhado no genocídio da ditadura de Videla—submetido a um regime ilegal, ilegítimo, inconstitucional. Nada vale a vida para o atual desgoverno.

Resta saber se nós ainda estamos dispostos, dispostas, a recuperar o Brasil para a civilização, para o regime constitucional, para a vigência irrestrita dos Direitos Humanos, ou ao contrário, se iremos fechar os olhos e deixar que se repita mais um genocídio. Os nossos filhos, filhas, netos e netas irão querer saber de que lado estivemos.

Saber, sentir. Isto é o que nos potencia para a vida. Basta de intoxicações da imbecilidade que se espalha pelas ditas redes sociais, vomitórios da desistência e da desconsciência!