sábado, 31 de julho de 2021

O sentido da Terapia Comunitária Integrativa

A Terapia Comunitária Integrativa é um movimento interativo, integrativo. O foco é a reposição da pessoa ao seu próprio lugar. Isto é feito pela própria pessoa, em comunidade. Não se trata de formatar nem impor comportamentos. Antes ao contrário, procuramos nos livrar do que não é nosso, sejam atitudes, crenças, papéis. Recuperar o próprio centro. Os próprios eixos. A própria identidade. Esta tarefa é feita em espaços de escuta e acolhimento. A confiança é o principal. Recuperar a confiança na própria capacidade para enfrentar e superar dificuldades. O/a terapeuta comunitário/a é um/a despertador/a de lembranças. Isto desfaz as tensões, a pressão adaptativa imposta, o conflito desnecessário que nasce de tentar agradar ou confrontar sem razão. Culpas, medos, raivas, ressentimentos, são processados na leitura de si que ocorre em comunidade. Não há iluminados nem iluminadas que digam o que devemos fazer com os nossos sentimentos. Somos nós mesmos/as que descobrimos neste mutirão, o que está a nos incomodar. A escuta de si se aprofunda e fica mais sincera, neste hábito de nos despirmos num ambiente confiável e respeitoso. Não se impõem ideologias nem crenças. Inclusão social é praticada, não apregoada. Pessoas são aceitas na qualidade de seres humanos, sem qualquer discriminação. Acolhimento é isso. Agimos em colaboração com universidades, associações de moradores, movimentos sociais, secretarias estaduais e municipais de saúde, pastorais das igrejas. Esta ação aumenta a autoestima e o sentido de pertencimento, valorizando as competências surgidas na luta pela vida. Fortalecemos os nossos valores, que dão sustentação ao existir. A TCI é mais uma forma de ser e de agir, do que meramente um fazer. Enquanto fazer, é um tipo de ação social restitutiva do ser autêntico da pessoa. Desta forma, contribuímos para uma cultura de paz. Não ignoramos os problemas estruturais de uma sociedade baseada na exploração, a violência, os preconceitos, a exclusão social, a desigualdade. A nossa contribuição para a construção de uma sociedade mais justa e amorosa, brota de uma atividade cotidiana de reconciliação interna e externa. Em nós mesmos/as e no nosso existir em sociedade. Mais prática, menos prédica. O discurso do ódio, tão disseminado nos dias de hoje, enfrenta uma barreira intransponível: é a noção clara de quem somos, o que queremos e o que não queremos nem devemos permitir nem aceitar. Os valores superiores são o chão firme em que se apoia a TCI.