segunda-feira, 26 de abril de 2021

A importância do ato de ler e de nos lermos no mundo

O que fazer? A importância do ato de ler e de nos lermos no mundo. Nos dias de hoje parece que temos mergulhado numa espécie de hibernação ou coisa parecida. Uma suspensão dos movimentos, para quem pode ficar em casa e fica. Esta detenção permite uma atenção mais focalizada na própria vida. O que estou fazendo? O que gostaria de fazer? Estou contente com a vida que estou levando? O que gostaria de ver mudado em mim após a pandemia? Como o que faço se insere na minha história de vida? Um olhar mais aprofundado. Uma mirada detida. Ver quem sou. De tanto correr de repente nem nos damos conta de quem somos, aonde vamos. Perdemos o contato com nosso corpo, com as nossas emoções. Algo vive em mim, mas não sou eu. Sou muito mais hábitos, condicionamentos que se repetem em mim, mas eu não sou isso. A menos que eu seja capaz de me ver com uma mirada própria, uma mirada poética, que detém o mundo, que solta a vida e me solta, morrerei sem ter sido livre. Morrerei sem ter vivido. Ao contrário, na medida em que posso ir me vendo a mim mesmo/a como sou, sendo eu na totalidade das dimensões que me constituem, passo a vivenciar a unidade. A unidade é o eterno. Isto é algo que está ao nosso alcance. Basta querer ser feliz. Querer viver plenamente. Se rodear de algumas pessoas afins a estas finalidades da libertação, e ir em frente. Não há duas pessoas iguais uma à outra. Portanto, eu não sou uma generalização, não sou algo abstrato, e sim individualizado. Singular e único. Na medida em que passo a viver desta maneira singular e única, ou seja, na medida em que me permito ser o que sou e não o que os demais esperam de mim, floresço. Entro nessa dimensão unitiva que reúne tudo que existe. Deus propriamente. A poesia. Podemos dar distintos nomes a essa sensação de unidade. O que importa é viver ali. Ser aquilo. Escrever é uma maneira de se ver. Ver quem somos. Qual foi a nossa vida. Qual o trajeto que nos trouxe até aqui. O que ganhamos com as perdas. O que queremos. O que dá sentido à nossa vida. Um ato tão simples como o de pôr numa folha o que vamos vivendo, pode ir propiciando esta libertação, esta sensação de unidade. A recuperação do nosso ser autêntico e total.


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