quinta-feira, 29 de abril de 2021

A vida vem em poesia

A vida vem em poesia

O ideal de uma sociedade

Em que não precisemos ser sempre apenas uma coisa só

Posso ser tudo que eu sou

Corpo, mente, alma, coração

Sentimento, canção, tropeço, coragem

Fraqueza, esperança, o que for

Venho em poemas após garimpar

Numa tarde de abril

Os ecos de uma caminhada que me traz

Cada vez mais para mim.

Sei que não estou só

Quebrar as prisões mentais

A autodepreciação,

A sobre-exigência

Um caminho de recuperação da totalidade do meu ser

Faço na companhia de pessoas que me querem bem

Família e amigos, amigas

Evangelho e religião

Pego o melhor de cada uma

De tudo trato de aprender

Caio e me levanto

Insisto, resisto

Juntando pedaços

Recomponho a minha vida

Poesia é isto

Nascença.

(29-04-2021)

 

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Una letra a la hoja organiza el mundo

Unas letras a la hoja organizan el mundo.

Siento el piso bajo mis pies y el aire que respiro

Es posible vivir

Esto va a pasar.

Me junto al juntar letras y palabras

Junto colores y tiempo

Reúno lo disperso

En verso.

Toda mi gente querida está aquí

Cada palabra las trae de nuevo

No hay más ausencia

Presencia, nada más.

El pasado se transformó

Se sigue transformando

La alquimia de los días

Poesía.

Naciendo.

No necesito huír constantamente

Ni temer siempre

Ni apurarme

Puedo confiar.

Dejo que las letras vayan bajando

Leo lo que va quedando

Me leo paso y sigo

Hasta el arco-iris

Y después

A la tierra prometida

Donde siempre brilla el sol.

(28-04-2021)

 

segunda-feira, 26 de abril de 2021

A importância do ato de ler e de nos lermos no mundo

O que fazer? A importância do ato de ler e de nos lermos no mundo. Nos dias de hoje parece que temos mergulhado numa espécie de hibernação ou coisa parecida. Uma suspensão dos movimentos, para quem pode ficar em casa e fica. Esta detenção permite uma atenção mais focalizada na própria vida. O que estou fazendo? O que gostaria de fazer? Estou contente com a vida que estou levando? O que gostaria de ver mudado em mim após a pandemia? Como o que faço se insere na minha história de vida? Um olhar mais aprofundado. Uma mirada detida. Ver quem sou. De tanto correr de repente nem nos damos conta de quem somos, aonde vamos. Perdemos o contato com nosso corpo, com as nossas emoções. Algo vive em mim, mas não sou eu. Sou muito mais hábitos, condicionamentos que se repetem em mim, mas eu não sou isso. A menos que eu seja capaz de me ver com uma mirada própria, uma mirada poética, que detém o mundo, que solta a vida e me solta, morrerei sem ter sido livre. Morrerei sem ter vivido. Ao contrário, na medida em que posso ir me vendo a mim mesmo/a como sou, sendo eu na totalidade das dimensões que me constituem, passo a vivenciar a unidade. A unidade é o eterno. Isto é algo que está ao nosso alcance. Basta querer ser feliz. Querer viver plenamente. Se rodear de algumas pessoas afins a estas finalidades da libertação, e ir em frente. Não há duas pessoas iguais uma à outra. Portanto, eu não sou uma generalização, não sou algo abstrato, e sim individualizado. Singular e único. Na medida em que passo a viver desta maneira singular e única, ou seja, na medida em que me permito ser o que sou e não o que os demais esperam de mim, floresço. Entro nessa dimensão unitiva que reúne tudo que existe. Deus propriamente. A poesia. Podemos dar distintos nomes a essa sensação de unidade. O que importa é viver ali. Ser aquilo. Escrever é uma maneira de se ver. Ver quem somos. Qual foi a nossa vida. Qual o trajeto que nos trouxe até aqui. O que ganhamos com as perdas. O que queremos. O que dá sentido à nossa vida. Um ato tão simples como o de pôr numa folha o que vamos vivendo, pode ir propiciando esta libertação, esta sensação de unidade. A recuperação do nosso ser autêntico e total.