domingo, 27 de outubro de 2013

Continuidade

Todas as pessoas tem algo a dizer. Uma sociedade baseada na separatividade, decide que a fala de alguns vale e a dos outros é irrelevante. Surge assim a odiosa distinção entre o erudito e o popular, entre o intelectual e o ignorante. Em algum momento da sua vida, você poderá recordar as suas origens, pessoas e falas de gente que tinha muito pouco ou nenhum grau de instrução. Essas falas e essa gente deixaram em você marcas que o tempo não apagou.

Nem sempre se fala com palavras, muitas vezes se dizem coisas com a presença, com o olhar, com gestos. E muitas dessas pessoas humildes cujas falas ainda te dizem coisas, pode ser que já não estejam mais, pode ser que tenham ido para outros lugares, ou ainda que tenham morrido. Olhas para os anos passados, a vida toda que te foi dado viver, tanta gente, tantos caminhos, tantas falas, e muitas delas prevalecem, outras são como um eco evanescente, quase apagado.

O tempo guarda todas as memórias. Guarda a lembrança de livros e revistas, jornais, filmes, tudo fica armazenado. E em horas em que a mente vaga aparentemente sem direção, tudo se costura. O tecido da lembrança e o presente se tornam uma coisa só. Nessas horas, percebes a continuidade da vida, e nessas horas, as falas das pessoas que não eram eruditas nem intelectuais, te dizem coisas que guardas na tua lembrança.

Gente que reparava no tempo, nas flores, nos animais, na montanha, no vento, no chão. Gente que não falava de filosofia nem de religião ou sociologia nem de coisas profundas. Gente que vive num dia a dia de que muitas vezes tanto te distancias que é como se para você não existisse. De fato, para você esse dia a dia é inexistente, não diz nada, não é nada.

Contudo, é a vida de muita gente que desconheces ou reconheces, dependendo de por onde andas e o que falas e o que escutas. Não creio que haja coisas mais importantes do que outras, embora o treinamento intelectualista tenha conseguido muitas vezes me convencer do contrário. Hoje, no ponto da estrada em que me encontro, vejo duas vertentes, e ambas se encontram neste lugar. Dois tipos de saberes, e ambos entrelaçados.

Aquelas falas antigas que falam da telenovela e da verdura e do que ocorreu na casa ou no jardim, voltam nesta manhã em que o gotejar da chuva que cai do teto, me lembram de outra continuidade, uma que muitas vezes me faz bem recordar. Um livro lido, uma conversa, tudo pode ser uma chave que reúne coisas que estão juntas na tua experiência.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

El tiempo se detiene

Esto lo sentí esta tarde, mientras iba preparando una sesión de pintura en la sala. El ritual de siempre. La valija de pintura, con los pinceles, lápices. Los vasitos con agua, el trapo para limpeza de las manos. Esto es algo que ocurre en el ambiente y en uno. El tempo se detiene. Esos momentos pasados con los colores, en esos ámbitos en que un jarrón se presenta en un rincón, con hortensias, en un jarro de vidrio verde transparente, nos conectan con tiempos inmemoriales. La infancia, tiempos imposibles de determinar. El pincel va cubriendo la tela, las flores se van delineando, y vas sintiendo presencias queridas muy cerca, en tí. Algo se detiene. El tempo para cuando pintas. Para en el ambiente y para en tí.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Poeticamente

A veces las impresiones se van acumulando, sin que las hayamos registrado en el papel. No por eso, dejas de prestar atención al mundo. Prestando atención a lo único, te unificas, te unes al todo. Esto es lo poético, para mí: unirse al todo al percibir la unicidad, la singularidad, lo individual, lo irrepetible. Hoy veía unos rayos de luz sobre el retrato de Diogo cuando era niño. Lo veía cuando iba llegando al dormitorio. Cuando fui para el lado de la playa, vi los autos estacionados en la vereda de la panadería. La gente yendo a la playa o volviendo. Un grupo de jóvenes llegando, bajo el sol. Los autos dando la vuelta en la esquina con el busto de Tamandaré. Volví a casa después de comprar una botella de jugo de uva en la panadería. Estaba en la caja una chica que me sonrió. Generalmente son sonrientes estas cajeras. Hay gente que hace con gusto lo que hace. Intercambié algunos e-mails con familiares y amigos durante el fin de semana, sobre todo a partir del compartir la foto de un cuadro nuevo. Flores blancas en un florero de vidrio transparente

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Una pintura

Esta mañana pinté otra vez un álamo con un sol de fondo. Una casa del lado derecho, con tejado rojo, una puerta que da para un camino que llega hasta quien mira el cuadro, de un lado, y hasta el sol en el horizonte, por otro. Pero lo lindo de todo esto, no es tanto el resultado, sino el proceso. Ir a buscar la valija con pinceles y ponerla sobre la mesa de la sala. Me sentía como un niño. Poner agua en los vasitos de vidrio donde se limpian los pinceles, traer los trapos para limpiarse las manos. Poner la tela blanca en el pequeno atril que sirve de caballete. Y empezar a esbozar el álamo, el sol, la casa, el camino. La casa otras veces ha tenido unos canteros de flores rojas bajo la ventana, que ahora no están. Al pintar, vienen cuadros anteriores, vienen jornadas en que uno pintó otros cuadros al lado de gente muy querida, en tiempos pasados. Gente que nos incentivó a pintar, alguna exposición, gente alrededor, dejándose tocar por los colores y por las formas, como ahora.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Reunindo

Voltavas do VII Congresso Brasileiro de Terapia Comunitária Integrativa. Carapibus, Conde, Paraíba. Um congresso diferente. Voltavas pleno, saciado interiormente. A tua história no lugar onde estás, o teu ser o ser que é. Tantos rostos, expressões, olhares, conversas, cantos, danças, rodas de terapia comunitária. Vias os corredores do hotel, a piscina, o mar verde, no horizonte. As idas e vindas ao restaurante. Os cômicos. As comidas. As palavras. E esta tentativa de juntar o que foram estes dias. Ainda continuarão voltando. Sabes que continuarão a vir.