sábado, 29 de dezembro de 2012

2013

Quando eu era jovem, muito mais jovem do que agora, nem pensava em coisas como a morte. Um jovem não pensa na morte. Mas agora não tenho mais remédio que pensar, embora não goste, embora tente dispensar, não pensar. Nesta altura da vida, nesta altura de mim mesmo, já não posso mais fazer de conta de que nunca morrerei, de que nunca morrerão meus seres mais queridos. No entanto, contudo, porém, todavia, embora tenha aprendido que um dia, sim, um dia todos nós morremos fisicamente, definitivamente, ainda assim, decido que continuarei pelejando para que a eternidade me envolva por completo, ainda no meio da minha caminhada terrestre. Creio que, como seres humanos, podemos adiar ao máximo a morte prematura, a morte prévia, a morte anterior. Aquela que consiste em arriar bandeiras, em desistir, em deixar de se maravilhar com o milagre de estarmos vivos. Tem passado muito tempo desde os dias em que começou a minha vida. Muitos dias, muitos anos, muitas horas, muitos instantes. Mas ainda assim, ainda nesta quase véspera de um novo ano, como todo mundo, continuo apostando que o dia que vem, que o ano que vem, a vida que vem, será melhor, muito melhor. Mais justiça, mais amor, mais paz, mais solidariedade. Mais do que nos faz sermos mais humanos. Não tentaria, nesta altura da minha vida, nesta altura de mim mesmo, dar lições de nada para ninguém. Mas nada irá me tirar o privilégio --espero e decido -- nada irá me privar, repito, do direito de dizer que a vida é e será sempre, muito mais bonita. Não creio que deva, a esta altura da vida, a esta altura de mim mesmo, ter que me arrepender de qualquer coisa. Creio que há algo como uma luz infinita, um sol imenso, a estar muito perto de todos nós. Essa luz, esse sol infinito, está ao alcance de cada um de nós, de cada uma. Basta querer, basta se empenhar, e tenho a certeza de que todos vocês, todas vocês, tem se empenhado, continuarão se empenhando, como eu, nesta longa caminhada em direção ao nosso verdadeiro ser. Feliz 2013.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

No hay tiempo

El tiempo va pasando, el tiempo parece parar, pero el tiempo no para. El tiempo pasa y se compacta. Viene como en oleadas, y se detiene. Te paras, te fijas, ¿Adónde va el tiempo? Miras alrededor, miras hacia adentro tuyo, y ves todo el tiempo vivido. Te parece increíble, tantas cosas, tanta gente, tantos lugares. Tiempos de estudiante, tiempos de niño. Tiempos de viajes. Tiempos de pintura, tiempo de colores. Tiempo, tiempo, tiempo ¿Adónde va el tiempo? ¿Adónde se ha ido el tiempo, si esta noche, a esta hora, exatamente en este minuto en que escribes estas cosas, parece que todo el tiempo se ha compactado en un instante del que parece que a cualquier momento va a surgir el instante siguiente? Miras el día, el mosaico de horas, de rostros, de lugares. El mar a la noche. La luna en el cielo. Las luces de la ciudad. La luna en el mar, reflejada en las olas, como un paisaje quieto. La gente en la vereda, los niños, los vendedores. El cielo fundido con el mar, y los barcos y las luces flotando en lo negro de la noche. ¿Adónde se ha ido el tempo? Los rostros, las caras. Los amigos en la reunión de la mañana. El tiempo contenido dentro de sí mismo. ¿Adónde va el tiempo?

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Nada devo

Esta manhã pensei que poderia ser uma experiência interessante, pensar que eu não devia nada a ninguém, nem nada a mim mesmo, que estava zerado, quanto a dívidas. Veio uma paz muito grande. Foi um instante fugaz, não lembro se foi numa loja onde fui comprar lençóis com a minha esposa, ou em algum dos trajetos percorridos. O caso é que, pensei, se não devo nada, nem aos outros e nem a mim mesmo, estou em paz. Veio, como digo, uma alegria muito grande. Mas veio também um vazio. E o vaziou foi como uma porta, uma libertação. Se não tenho dívidas, se não devo nada e se ninguém tampouco nada me deve, tudo está como deveria ser. Não há uma rede de cobranças e nem de exigências de mim para com os outros ou de mim para comigo mesmo, e nem tampouco dos outros com relação à mim. Zerado. Estou zerado, pensei. Acho que este exercício abre uma possibilidade. Não é que, de verdade, eu não deva nada. Pode até ser que deva. Mas me permito pensar, por um momento, que não devo nada e que ninguém me deve. Que o mundo foi resgatado do comércio e do mercantilismo, do devo e me deves. Não devo e nem me deves. Não é melhor assim? Ao menos como exercício, como uma possibilidade. Pensei nas pessoas todas que amo, os seres que moram no meu coração, as pessoas queridas das redes que constituem a minha vida. Durante muito tempo pensei que devia a eles, a estes seres sem os quais não concebo a minha vida. Mas isto me penalizava. Me fazia sentir em falta, permanentemente. Eu não lhes devo nada, e nem me devem. Os amo, as amo, mas isto não estabelece obrigações de parte a parte. É gratuito. Quando fiz este exercício, de manhã, e agora que escrevo, vem uma sensação como de começo. Uma limpeza interior. Um espaço dentro de mim. Há uma possibilidade. Não necessito das cobranças interiores, de mim para comigo mesmo. Dispenso o cobrador interno, ao menos neste momento. Quem sabe possa vir a dispensá-lo definitivamente, mas por enquanto, penso que, agora, neste instante, nesta véspera de Natal de 2012, não devo nada. Nem a você, nem a mim, nem a ninguém. Estou zerado. Há uma possibilidade. Sinto o recomeço da vida. Um nascimento. A minha infância. O tempo primeiro, o tempo primordial. Recomeço.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Experimentando atitudes

Estes dias passados, tenho dado atenção a algumas atitudes, ou alguns aspectos do ser humano, que me parece interessante partilhar. Um deles, se refere à diminuição da auto-exigência, ou da exigência em geral, como uma forma de viver mais livre e solta, mais fluente. Isto tem a ver com as expectativas. Cada vez que espero algo que não acontece, algo que não está ou que eu não encontro, me frustro. Se afrouxo, por assim dizer, as expectativas e as exigências, posso experimentar a vida desde um lugar de paz. Desde uma tranquilidade maior, que me inclui e inclui tudo e a todos à minha volta. A exigência, a expectativa exagerada, geram rechaço, rejeição, ao mesmo tempo que nascem do rechaço e da rejeição. A aceitação, ao contrário, é um movimento de acolhimento. Na medida em que vou me abrindo para uma maior aceitação do ser que sou, e do mundo e das pessoas à minha volta, uma harmonia maior começa a me ajustar à rede relacional, ou melhor dizendo, às redes relacionais de que faço parte. Desde a mais estreita e a primeira, a família, até as que vão se estendendo ao meu redor, os amigos, os colegas, os vizinhos, as pessoas que vou encontrando na minha vida diária na rua, na padaria, na feira, no mercadinho, na calçada, na praia, aonde for. Obviamente, a aceitação tem limites. Do que estou querendo tratar aqui, é de uma relação padrão, de uma atitude interior de fluência, de aceitação, em primeira instância. Esta atitude de acolhimento, pode e deve ter os seus limites, na existência efetiva, mas ela predispõe para um convívio mais amoroso, menos conflitivo. Pretende-se que o acolhimento e a compreensão, substituam o preconceito e o medo, geradores de violência e discriminação. Outras capacidades humanas que tenho estado observando, se referem à potencialidade e à possibilidade, como contrapostos à efetiva realização de alguma coisa. Muitas vezes, damos excessiva importância ao fato de realizarmos alguma coisa, sem percebermos que a realização pode ser apenas imaginária. E este “apenas” pode e deve ser ressaltado, pois a imaginação é um campo poderosíssimo de realização, sem os ônus da realização efetiva. Por vivermos em uma cultura excessivamente voltada para o objetivo, para o concretamente comido, bebido, vestido, comprado, etc, usado em geral, muitas vezes perdemos contato com as nossas capacidades mais sutis, os nossos sentidos espirituais, a nossa capacidade, como seres humanos, de construirmos e habitarmos mundos infinitos com a nossa imaginação. Isto se refere à nossa capacidade de apreciação, de desfrute da beleza, de expansão da capacidade mental a través do estudo, da nossa capacidade de nos unificarmos com o todo, com Deus, a través da meditação e da oração, etc. O gozo artístico e espiritual. Com o passar do tempo, a nossa realidade humana vai se sutilizando. Já nos satisfazem mais estes gozos espirituais do que os propriamente materiais, conquanto uns e outros, todos em conjunto, fazem parte da nossa forma de estar no mundo, como criaturas unidas à totalidade da realidade, partes indivisas de um cosmos em pulsação, que nos integra e nos inclui totalmente e essencialmente. Precisamos estar atentos e não perder a possibilidade de irmos descobrindo mais e mais de nos mesmos e do mundo de que somos parte. Viver envolve a possibilidade de um olhar novo a toda hora.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Mosaico del día

El día se iba armando como un mosaico. Veías cada instante de este día. La ida a la verdulería de mañana temprano. El portero del edificio. La vereda, los peatones de esas horas primeras. El día de ayer, los días anteriores, juntándose a este instante como un tablero gigantesco, una mandala infinita. El cielo que vieras de mañana, al levantarte. Ese celeste, las nubes apenas pintadas de amarilllo. El sol en el cielo, muy tenue todavia. Los pajaritos cantando. Recordaste a tu padre y a tu madre. Hay algo muy especial en esas horas iniciales. Una cosa muy buena en el ambiente. El cosmos parece arrullarte, te anida. Y ya ahora, cuando las calles y los autos, cuando su sonrisa cautivante, cuando sus ojos, cuando este juego de amarse te construye y te junta cada vez que la vida te disperse. Dejas que el día siga armando, como un río que va por donde se le antoja. Dejas que el día se siga armando. El día se va armando, como un rompecabezas infinito.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

La hoja

A veces siento como que la hoja me está llamando. Me está diciendo vení, che, que este es tu lugar. Cuando escucho ese llamado, como ahora, trato de atenderlo. No siempre puedo de manera literal y directa. Agarrar una hoja y ponerme a escribir. Ahora es como si fuera lo contrario, la hoja es la que me quiere envolver, quiere hacerme un lugar. Talvez sea el reverso de lo que ha venido siendo todos estos años, todo este largo tiempo de buscarme en el papel, de tratar de encontrar un lugar en la hoja, en las hojas, en lo que voy viendo de mí y del mundo alrededor, de la vida, en lo que escribo y en lo que leo. Ahora, en este exacto momento, la sensación es la de un llamado. La página me dice que venga, y voy. Ella se va doblando como un barquito de papel que me va llevando, y me voy. Me voy, y ese irme es volver. Voy volvendo a mí mismo a medida que voy siendo envuelto por la hoja. Esta hoja es mi casa. Yo soy esta hoja.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cuando vuelven las hojas

Muchas veces, cuando andas por ahí, vienen las hojas. Vuelven las hojas que escribiste y las que leíste. Aquellas que se tornaron parte de tu vida, pues has ido recogiendo, con el tiempo, pepitas de oro que a veces lees en lo que escribes, a veces lees en lo que lees, a veces lees en el libro del mundo y de la vida. Y cuando vuelven las hojas, como ayer a la tarde, como tantas otras veces, otras tantas tardes, te sientes envuelto en un capullo que vos mismo fuiste creando, en esta lenta tarea de dejar que la vida baje a las páginas. En esta lenta tarea de irte encontrando en las páginas de los libros que fuiste leyendo, que fuise escuchando cuando eras chico. Los cuentos que tu mamá te contaba, las canciones que tus abuelas cantaban. Y en este volver de hojas, que va construyendo para tí veredas en el cielo, o hacia el cielo — a veces uno no encuentra bien la forma de decir algunas cosas que son muy ciertas y evidentes, pero no fáciles de transmitir con palabras — cuando vienen las hojas y ellas te envuelven en este otoño interminable en el que vienes internándote desde hace ya tanto tempo, ese dulce oro, esas hebras de sol que te rodean y te sostienen, son la evidencia de la fe en que te apoyas y que te alimenta. Cuando vienen las hojas, dejas que te envuelvan. Han de envolver a tantas otras personas en el mundo, que en tantos otros tiempos, ahora y siempre, se han venido cobijando en las páginas que ellas mismas fueron construyendo con sus actos, con sus trabajos, con sus manos, com sus sueños, con su amor. Pues el motorcito que nos mueve en la vida, todo el mundo lo sabe, es el amor. Es el amor quien pinta ese triste oro de las tardes, ese portal de eternidad que se abre para dejarte ver un vislumbre del lugar al que perteneces, esa morada de paz y de luz que eres tú mismo, que es tu propio corazón. Cuando vienen las hojas, como ayer a la tarde por las veredas del cementerio, la familia en procesión despidiendo a Dona Marieta, escuchaste una vez más lo que sabes, lo que todo el mundo sabe: que sólo el amor permanece. Sólo el amor vence a la muerte. Cuando vienen las hojas, como las de aquellos almanaques que cuando eras chico veías, con una hoja para cada día, sabes que las hojas han ido pasando. Como pasó tu madre Gita, como pasó el Padre Comblin, como pasaron Mamina y la abuelita Oliva, como pasaron Ramón y Carlos, como pasó Feliciano Muñoz, como pasó Chogo, Juan Lazarte, como pasó Dom Fragoso. Como pasaron todos los que pasaron antes de tí, como fue recordado ayer por el Hermano Alder Calado, en el velorio de Maria de Oliveira Ferreira. María de Oliveira Ferreira. Recordarías este nombre. Recordabas su sonrisa, sus chistes, su alegría de vivir. Esa luz en ese rostro que resistió a la muerte tanto cuanto pudo. Cuando vuelven las hojas. Vas viendo las hojas que te envuelven, las hojas que el viento sopla. Sos una hoja que pasa.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Paisajes

A veces uno se pone a escribir, como que para pasar el tempo. Y, al mismo tempo, a ver si viene algún buen sentimento. Cuando escribes, convocas unos mundos tan agradables, mundos infinitos contenidos en tu imaginación. Lugares que visitaste o sobre los cuales leíste, en las infinitas jornadas de lectura en las que has venido sumergiéndote a lo largo de tu vida. Entonces son aquellos paisajes cienagosos de El amor en los tiempos del cólera, de García Márquez. O bien las Crónicas Marcianas, de Ray Bradbuy. O quien sabe En las montañas de la locura, de Howard Philips Lovecraft. O quizás La vuelta al día en 80 mundos, de Julio Cortázar. De pronto evocas esos paisajes sin fin que te contienen, y por un tempo que se te figura eterno, huyes hacia esas regiones crepusculares. Foto: Ray Bradbury

sábado, 1 de dezembro de 2012

Alegría de vivir

Como tantas otras veces, esa tarde se ponía frente a la hoja y dejaba que las letras fueran bajando despacito. Fueran llegando, ocupando sus lugares. Cuando empezaba a ver las primeras en la hoja, se alegraba en su corazón. Era como si volviera en el tiempo, los primeros cuadernos, los primeros dibujos. El tiempo primero. Verdaderamente existe en nosotros un lugar de permanente felicidad. Cuando somos niños, todo nos alegra. Todas las cosas son una fuente de alegría. Mirar una araña te alegra, o un racimo de uva en la parra, o las flores en las macetas del patio, o las hormigas yendo en fila de aquí para allá. Uno está contento y no se pregunta por qué. Está contento, punto. Después tenés que empezar a darle explicaciones a la gente sobre por qué te reís. Se creen que te reís de ellos. Te reís porque estás feliz, porque sos feliz. Muchos años han pasado, pero esa alegría está en vos, está dentro de tí. No necesitás algún motivo en particular para estar feliz. Basta estar vivo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Pintando

Esta tarde, pus a minha escarcela de materiais de pintura e desenho sobre a mesa. Não sabia se iria ou não pintar ou desenhar. Mas apenas este ato, este ficar na frente dos blocos de papel telado ou comum de desenho, os lápis de cor, os pastéis a óleo e comuns, me deu uma satisfação profunda. Abri um dos bloquinhos, e ao ver o desenho que tinha na primeira página, senti uma alegria muito profunda. Era um desenho do mar em Cabo Banco. O barranco, a praia, os barcos, as ondas, o céu, o sol, algum pássaro, uma nuvem. Nessa mesma hora, pensei na potencialidade e na possibilidade, duas coisas que vem me chamando poderosamente a atenção. Nem sempre é necessário que realizemos algo, que levemos a cabo uma ação. Pode ser que sim, mas também pode ser que não. Na possibilidade, na potencialidade, há um espaço vasto para a criatividade, e para um gozo, um desfrute do potencial na vida, muito atraente. Só de ver os blocos de desenho e pintura, as cores e os pastéis de pintar em cima da mesa, me trouxeram uma alegria muito profunda. Foi como se visse de repente, como num relâmpago, muitos desenhos e quadros que já pintei e desenhei na minha vida. Desde os primeiros, umas manchas da cor azul na escolinha aonde ia quando criança. Até outros, de árvores do parque de Mendoza, uma vista do mar em Valparaíso, um arco-iris que dei de presente para uma colega da universidade, o meu primeiro quadro a óleo, uma carroça com um homem indo em direção ao sol. Outros quadros de álamos, uma vista da mata da ponta do Seixas que pintei enquanto meus quatro filhos brincavam na vegetação, quando eram pequenos.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Pertenecimiento

Cuando alguna cosa me empieza a enfermar de la cabeza, vengo a las letras. Me dejo venir a este mundo aberto, amplio, infinito, donde puedo llegar sin vestir un uniforme, sin recitar algunas palabras clave, alguna consigna. Puedo venir aquí, es decir, en verdad me percibo como estando aquí, pues es un mundo que me abrió las puertas desde hace muchísimo tempo. Vivo en estos territorios inmemoriales de la poesía y de la literatura, en estas regiones crepusculares donde puedo anidarme a cualquier momento. No importa adónde esté, si en el mercadito o en la calle, si paseando por la vereda o por la playa, o hablando por teléfono o tomando mate, puedo venir aquí, me reconozco aquí, en el mundo de las letras.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

¿Qué hacer cuando no hay nada que hacer?

Esta pregunta, aparentemente tan simple que no requeriría mayores indagaciones, no lo es en absoluto, como veremos en seguida. A primera vista, cuando no hay nada que hacer, se abren dos alternativas: si no tengo nada que hacer, puedo ser, o estar. Ser, no da trabajo, no es una actividad. Algo o alguien es, y punto, por ahí termina la cosa. En cuanto al estar, la cosa parece ser también sencilla: si no tengo nada que hacer, estoy, y todo bien. O sea, ser y estar son dos formas de no hacer nada, con lo cual ya dimos un paso, por lo menos, para tratar de adentrarnos en lo que esta pregunta plantea. Pero la cosa no es tan sencila como parece. Ser o estar, pueden darnos trabajo, sí, como no, y esto ya los descartaría como formas de no hacer nada. Cómo es que el ser puede darnos trabajo, se preguntarán con razón ustedes, si simplemente el ser está ahí, tranquilito, como quien no quiere la cosa. Bueno, eso es lo que parece, ¿no cierto? Pero dependiendo del ser que se trate, da un trabajo bárbaro, ¿se dan cuenta? Hay seres que no consiguen quedarse quietos, no consiguen estar sin hacer nada, y de repente tienen que ponerse a hablar, a barrer el piso, a hablar por teléfono, a ver televisión, tienen que ir a comprar algo, se ponen a hacer flexiones en la sala, molestando a todo el mundo, o se ponen a qué se yo, algo tienen que hacer si no, no están en paz. Ya ven entonces que el ser no es tan así una forma de no hacer nada: puede ser una forma de hacer muchas cosas, y de sacarle la tranqulidad a los demás, ¿no es verdad? Y el estar, entonces, ni te cuento. Cómo puede ser que el estar sea una forma de no hacer nada, si la mayor parte de la gente no consegue estarse quieto, por ejemplo. Si los dejás un rato solos, ya tienen que empezar a rascarse la cabeza, a pensar en la vida de otra gente que vive cerca o convive con ellos o con ellas, o, lo que es muy común hoy, se ponen a criticar al gobierno y a la gente que hace daño, lo cual en sí no estaria mal, pero me doy cuenta que me estoy yendo por las ramas, y voy a tratar de volver. La cuestión es que si te ponés a pensar bien en la pregunta del comienzo, che pibe o piba, te vas a dar cuenta, como creo que ya todos nos hemos dado cuenta, que no es tan fácil como parece, no hacer nada.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Van Gogh

Recuerdo los años que pasé admirando a Van Gogh, sus cuadros, por supuesto. Pero también estudiando su vida, sus sentimentos, sus luchas, sus sueños y frustraciones. Su empeño en tocar los corazones humanos desde sus cuadros, desde el color, desde un pintar que para él fue siempre una forma de contactarse con los demás, de tener un lugar en el mundo, hecho por él mismo. Leía sus Cartas a Théo, que mi abuela Mamina me regaló, y me impregnaba de la belleza de sus cuadros. Sus flores, los girasoles, los lirios, los almendros, el sembrador, los cuadros estilo japonés, los retratos del Dr. Gachet y de él mismo, Vincent. El retrato de Gauguin. La casa amarilla. Aquellos cielos caleidoscópicos, los cipreses, las casas, el café de París. Los reflejos de las luces en el agua, la luna en el cielo, el campo de trigo donde finalmente se fue, su último cuadro. Hoy han pasado ya tantos años desde el tempo en que aquel niño y adolescente se sumergía en el mundo intenso de este pintor admirabilísimo, tan humano y sensible. Quien sabe de pronto a esta edad, ya las cosas no nos tocan con tanto arrebatamento. Pero recordaré siempre con gratitud a mis padres, que me pusieron en contacto con esta criatura inmortal, inolvidable, en quien reconozco a mi primer y más fundamental maestro de la pintura, junto con Miguel Ángel, Gauguin, etc, pero mucho más cerca, sin duda. Vincent Van Gogh siempre más cerca, mucho más cerca. Tan aquí.

domingo, 18 de novembro de 2012

Ubicación

A veces uno se involucra en cosas con las cuales no tiene nada que ver. Se pone a criticar los actos ajenos, como si nos cupiera el papel de jueces. No hay duda de que hay hechos condenables. Pero si yo me pongo a condenar, me condeno. Mi vida no puede ser, no es una condena. Yo soy una persona que ha nacido y renace constantemente. Sé que esto es fruto de un trabajo constante en mi interior y en la red de relaciones de que formo parte. Pero estos días pasados me puse a querer criticar las actitudes de personas que en el presente o en el pasado, actuaron o actúan de maneras que no me agradan en absoluto. Eso no es lo mío, ya salí de ese lugar, por lo menos, espero que no me vuelva a poner en la actitud de quien quiere salvar al mundo. Hay un solo mundo que puedo conformar a mi imagen y semejanza: es mi propio mundo, el lugar que soy yo mismo. Ese lugar es sagrado, es el terreno de mi construcción interna y personal, y también comunitaria y social, pues de ese centro emana como me relaciono conmigo mismo y con Dios, con las personas del círculo más próximo, de mi familia y amigos, y con las personas con quienes me voy encontrando por ahí en la vida. En ese lugar que soy yo, desde ese lugar que soy yo, existe el mundo. Allí se crea mi mundo, el mundo que está en el mundo y el mundo en que soy yo mismo para mí mismo. No hay nadie que pueda estar en mi lugar, sino yo mismo. Y si salgo de allí para tratar de corregir a los demás, queda vacío mi lugar y esto es malísimo: queda una sensación de abandono, de errancia, que substituye a la plenitud de estar en mi propio lugar, de ser lo que soy.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Nido literario

Pocas cosas me dan tanto placer como el escribir y el leer, el internarme en esos mundos crepusculares a los cuales la literatura y la poesía me dan acceso. Allí me encuentro, allí encuentro a quienes amo y he amado, allí comungo con la belleza, me rehago de la fatiga y del tedio de un mundo demasiado volcado a lo material y a lo objetivo. Cuando veo las letras dibujarse en el papel, en una tarde como ésta, en que no tengo nada que hacer, ni tengo ganas de hacer nada, simplemente dejo que se abra una puerta hacia allá, que me trae más acá. A veces basta mirar alguno de los libros que pululan por la casa. Sea el de Henry James, A outra volta do parafuso, que está en la mesita del luz del dormitorio, y cuya lectura retomé anoche, sea el de García Márquez, El amor en los tiempos del cólera, que hace días que me viene acompañando. O bien sean los libros que se encuentran na la biblioteca de la sala, en sus lugares, lugares cambiantes o más o menos fijos. Me fijo si están o donde están. Graciliano Ramos, con su Insônia y su Angústia. El Martín Fierro, de José Hernández. Los libros del Pe. José Comblin, grávidos de amor y de oración. Los libros de mi madre Gita, Caminando hacia el ser, Crescer. Los libros de Ramón Munoz Soler, mi tío. Los libros de Amado Nervo, de Gabriela Mistral, de Lya Luft, de Martha Medeiros, de Cecília Meirelles, forman como que un nido invisible pero tangible, muy fuerte, que me envuelve y me contiene. Me alimenta y me sostiene, esta tarde y tantas otras tardes. Foto: Gabriela Mistral

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Creación contínua

No siempre puedo estar dibujando o pintando o escribiendo, ya que obviamente no siempre tengo a mano un cuaderno o una tela o los colores y los lápices y los pinceles. Pero gracias a Dios esto no me impide de disfrutar de estas actividades tan placenteras. De hecho, puedo pintar sin pinceles y sin las telas o los colores a mano. Hay otras formas de pintar, como también hay otras formas de escribir. Esto me salva de varias cosas al mismo tempo: en primer lugar, de la frustración. En seguida, del consumismo. En tercer lugar, de la chatura de ciertos momentos o de actividades o compañías aburridas que de repente uno no tiene más remedio que soportar. Uno puede ir guardando imágenes en la memoria, o crear situaciones con la imaginación. Esto alivia muchísimo ciertos enfados a los que nadie puede substraerse del todo. Cuando niños, usábamos mucho todos estos recursos adicionales para disfrutar la vida. Nunca es tarde para recuperarlos, che, ¿no te parece?

domingo, 11 de novembro de 2012

Pintando

En estos días pasados, y aún hoy mismo, me he dedicado a pintar pequeños cuadros. Álamos con un sol en el fondo. En uno de ellos, una casita. En otro, una acequia que baja de la montaña. En otro, pintado hoy en un pequeno bloc de papel telado, una casita, un cielo con nubes atrás y arriba, al frente unas plantas con frutos rojos, y también una acequia que baja de la montaña. Me daba cuenta de que había en mí al menos dos actitudes diversas y contrarias al pintar o al dibujar. El niño que juega, y el adulto que busca un resultado, un cuadro con certa calidad y ciertos efectos. Estas dos actitudes diferentes, juegan entre sí, se crea un espacio de incerteza, donde en parte vas haciendo lo que querés o lo que se te da la gana, y en parte la cosa va yendo un poco por sí misma. En el cuadrito de hoy, con la casita con techo de tejas rojas y flores o frutas rojas adelante, noté que había una especie de relajamiento, una especie de dejar de tratar de hacer algo tan determinado, algo tan definido por una idea o un propósito anterior, o por el hábito, o por las casas o cosas anteriormente vistas u oídas. Entonces como que jugué a ver qué aparecía, a ver cómo serían las paredes, cómo los contornos, si el techo iría sólo de rojo o con líneas negras atravesadas, dibujando las tejas. Creé un contorno en negro, como que recortando la casita, conteniéndola en un trazo cerrado sobre sí mismo. El álamo del lado derecho del cuadro, verde subiendo al cielo, amarillo en el lado derecho de su follaje. Las nubes, como que jugando, moviéndose como se mueven las nubes en el cielo que uno ve. Lo lindo en este caso fue no solo el resultado, el papel pintado con colores y formas, que quedó lindo, sino el proceso anterior a la conclusión, el haber pasado días haciendo algunos ensayos previos hasta llegar a esta resolución. Y también lo que fui sintiendo en todo este período de vuelta a los colores, de vuelta al jugar como cuando era chico y después en mi vida, a dar vida a algo que hay en vos que está dentro tuyo o que te remite a experiencias que viviste, y que de repente puede venir a aterrizar en papeles o telas, en diversas versiones hasta que llegás a una en que parece que conseguiste lo que querías. Tambien fue lindo haber recuperado una despreocupación y una alegría infantiles, un estar contento y feliz sólo por saber que los colores y los papeles están allí, los pinceles y los tubos de pintura al óleo o acrílico te están como que esperando.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Puede haber un silencio

No siempre es necesario hablar, decir, manifestarse. También puede ser una conducta correcta, el silencio. Silencio no es tan sólo callar. Puede ser también aquietarse, permanecer más dentro de uno mismo o de una misma. Hoy por ejemplo, esta tarde de domingo, no se me ocorre qué hacer. Leo el I Ching, el libro de las mutaciones, el hexagrama “La nutrición,” que habla de que es necesario ser moderado en las palabras y en el comer y en el beber. Andaba buscando una orientación. A veces uno no sabe qué hacer y necesita una orientación. Uma indicación de rumbo. Ahora ya ando aceptando un poco más la cuestión de la perecibilidad. Para ser más claro: el hecho de que nos vamos a morir, de que la vida física termina un día. Por certo que esta aceptación es en buena medida resultado del hecho de que la vida me ha ido poniendo en contacto con la enfermedad y con la muerte, con la disminución de las capacidades físicas. Sin embargo, sigo creyendo que, en lo esencial, la muerte en sí no es un problema, pero sí lo es la desistencia, la muerte antecipada, como dice Martha Medeiros en Non-Stop, crónicas do cotidiano. Hoy a la mañana me entretuve un rato pintando un cuadrito de álamos. De un álamo, para ser más preciso. Un sol o una luna amarillos en el fondo, del centro para la izquierda, y un álamo creciendo hacia arriba, como acostumbra ocurrir, subiendo con sus hojas como querendo ganar el cielo. Mientras pintaba, pensaba en varias cosas, como también es bastante habitual. Varias de ellas, relativas al pintar. Me acordaba de Van Gogh, y no pude dejar de recordar una frase de este pintor tan singular. Que para él pintar no era resolver problemas técnicos, sino más bien despertar ecos en los corazones humanos, que reverberarán por siglos. Esto lo dice en una de sus Cartas a Théo. Sin duda lo consiguió. Pero no es sólo esto lo que queria compartir, sino también algo que Osho dijo alguna vez cuando alguien le comentó sobre el suicidio de Van Gogh. Dijo que Van Gogh había cumplido su misión, y que aunque eso pueda llamarse de suicidio, a Osho le preocupaba más la muerte en cuentagotas, esa que se procesa todos los días, sin que la persona se de demasiada cuenta de ello. Hoy a la mañana recordaba un cuento de Julio Cortázar en Historias de Cronopios y de Famas, llamado “Manual de Instrucciones,” en que el escritor se refiere al acto de revolver al café con una cucharita. Uno puede prestar atención a su latido sospechoso, o usarla simplemente para revolver. Nos vamos acostumbrando tanto a las cosas, que es como si perdiéramos el contacto con ellas. Ya no nos dice mucho el vivir. Se transforma en una repetición mecánica. Por eso a veces puede ser necesario parar un poco. Escucharse, prestar atención, no perder el contacto con lo que ocurre dentro y fuera de uno mismo.

Leyendo-escribiendo

No adelanta que yo trate de ir por el camino de otros (u otras). Y si te suena medio rara esta construcción, es porque se trata de una traducción literal del “não adianta” portugués para el castellano. Qué bien que me suena decir castellano, y no español. Allá en Mendoza siempre le dijimos castellano a nuestro idioma. Pero lo que te quería decir, es que solamente cuando empiezo a escribir, empiezo a sentirme bien. Por eso me paso buena parte del día escribiendo. No importa demasiado qué es lo que pueda llegar a escribir. Importa que escriba. Que ponga letras formando palabras y palabras formando frases. Que deje venir lo que hay que expresar. Que el día está lindo y que vi el mar y la gente en la playa. Las flores de las veredas del barrio. El canto de los pájaros, un bebé en su cochecito. No importa mucho qué escribir. Importa escribir. El acto, el hecho, el poner letras, formar palabras, comunicar. Ahí soy yo, allí respiro y tengo mi ser. Así escapo del sinsentido. He tratado de escapar de esa sensación desagradable de no tener un lugar, de varias formas, todas válidas, y todas con alguna utilidad. Pero ninguna consigue ponerme en mi lugar, hacerme sentir que de hecho soy el que soy, como el escribir. Solamente cuando escribo, algo en mí se ajusta. Entonces lo demás, sea lo que sea, es secundario. Lo importante es esto, es lo que está aqui, lo que estás viendo, lo que va apareciendo delante de tus ojos cuando lees. Y uno lee todo el tiempo. Leemos el mundo, nos leemos en la escritura del mundo, como dice Paulo Freire. Uno dice Paulo Freire y siente un alivio. Que alivio pensar en Paulo Freire. Sólo de recordar algunas de sus frases o ideas, uno se da cuenta de que fue una de esas personas que nos ayudan permanentemente a ser más felices, porque más situados o situadas (y esta cuestión de lo femenino-masculino arranca con él) en nuestro propio lugar en un mundo que va siendo; incompletos e incompletas, a camino. La liberación del opresor interno. La horizontalidad. Cuántas cosas nos dejó este infinito maestro del mundo que nos harán siempre respirar mejor. La liberación del intelectualismo, la ruptura con la visión cosificada de la gente y del mundo, el rescate de la dialogicidad, tener o ser. Claro que Paulo Freire bebió en Martin Buber, Karl Marx, Erich Fromm, pero a todo le da un toque persoal, integrando saberes, disolviendo fronteras, mejorando el existir humano em el reconocimiento de que toda persona es detentora de un conocimiento válido, y que sólo ella, en comunidad, puede liberarse y llegar a ser lo que es en verdad, o, mejor dicho, lo que está siendo, con autonomia y reponsabilidad.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Pintando

Esses dias atrás, por duas vezes, o mesmo ritual. Um copo de água da cor amarela. Umas tintas guache. Um bloco de desenho, uns pincéis, a mesa da sala. Um outro copo, de água azul. E uns álamos vindo ao papel. Ou uma outra figura, ontem, que me pareceu fosse uma semente ou um ouro transbordante, rodeado por um azul envolvente. O álamo de hoje, uma figura solitária numa paisagem de planura. Vermelhas as folhas do lado direito, amarelo o lado esquerdo. Ao pintar o quadrinho de ontem, da semente ou o ouro transbordante, lembro que comecei sem nenhuma ideia pré-determinada. Apenas algumas pinceladas de amarelo. Em seguida, um vermelho mais abaixo, criando uma zona de laranja. Via as cores, e, como não tinha um propósito determinado, curtia as cores. Curtia o amarelo, o vermelho, o laranja. As pinceladas que iam aparecendo tracejadas de amarelo e vermelho, laranja. Depois um verde rodeando o conjunto, e o azul envolvendo todo. Pensava como podem-se sentir as cores, e não apenas usá-las para alcançar um resultado. Também pode importar o resultado, a forma ou o efeito buscado. Mas há alternância nas intenções, e formas distintas de se desfrutar do pintar.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Páginas

Algunos días uno quisiera ser capaz de resumir lo que fueron las horas vividas. Los caminhos recorridos. Las personas que escuchaste, los humanos y humanas que viste en el hospital, por las veredas, en las calles, en los autos y ómnibus, en la panadería, en la verdulería donde fuiste de mañana a comprar algunas verduras. Los movimentos internos, los juegos de la mente, las charlas con Dios, las meditaciones instantáneas, tan súbitas, en medio del tránsito, en medio de las esperas en los embotellamientos en la avenida Epitácio Pessoa. Y las lecturas de la noche. Los poemas de Cecília Meirelles, y su ricocheteo. La crónica de Martha Medeiros. La evocación de Anaïs Nin. Los poemas de José Martí y su ricocheteo em Stevenson. Affonso Romano de Sant´Anna y su canción para mi exilio más reciente. Los recuerdos de Rio de Janeiro cuando llegaste de Argentina, de Mendoza. Las mulatas, el carnaval. Cultivo una rosa blanca. ¿Cuándo terminar, cuándo termina un poema? La convivencia y sus lecciones. El eterno compañero. Algunos mensajes que te alegraron durante el día. Las lecturas de mañana tempranito, estableciendo como que un tejido de luz que te sostiene durante el día, que cose un día y el otro, como dice el salmo, que un día extiende la mano a otro día. La sonrisa de Doña Marieta en el hospital. Una sonrisa llama otra sonrisa, abuelita Oliva, Mamina, mamá. La ida a Cidade Verde. El almuerzo con Romero y Mara. Gilda, Valdete. Matheus, Mayara. ¿Cuándo termina un día, si la vida continúa, si la vida es contínua? Terminan los días para uno y continúan para el resto del mundo. La vida continúa. La vida es contínua. Y te vas repaginando, vas despaginando, vas atravesando la hoja hasta el otro lado de la hoja, al mundo literario contínuo y perenne.

domingo, 28 de outubro de 2012

Los colores son lugares

Esto podrá parecerle extraño a algunas personas. Pero los colores son lugares, verdaderamente. Pensá en el color naranja, por ejemplo. Recordá lo que has visto de anaranjado en tu vida. Aquellas naranjas en la casa de tus abuelas. Los jugos de naranja que tomaste en algunas terminales de ómnibus, em Buenso Aires, en algunos bares o lanchonetes de São Paulo. Los hábitos de los monjes budistas. El arco-íris, en aquella faja que separa el rojo del amarillo. El naranja es una sensación, es una vibración. Es un lugar. Un lugar te contiene, te acoge, te recibe. Puedes estar allí, en esse sitio, en paz. Si tienes memoria de los colores, podrás ir recuperando una visión de solidez de tu vida. Tu vida como algo consistente, como algo unitario, unificado, sin partes. Una totalidad. Puedes recordar el amarillo, y entonces volverás a recuperar la sensación de aquellos caminos por donde andabas en bicicleta cuando joven. Los cielos del mediodía. Aquel sol tajante. Las siestas en Mendoza. El viaje a Conceição. Recuerdas el solor rosado. Las rosas del jardín de mamá. Las rosas del rosedal. Las chicas de la facultad. Verde. El parque, las matas de Santa Rosa. El bosque de la Bica. Rojo, las luchas en las calles. Negro, la noche. Azul, el cielo, el mar a la tarde. Marrón, los álamos, los carolinos, los robles, los nogales, los pinos, la tierra. Colores son lugares.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Fluyendo

Esta mañana caminaba por la playa y pensaba en varias cosas, como de costumbre. Una cierta tranquilidad había en el ambiente. No sé por qué caminos, de repente me encontré reflexionando sobre el perfeccionismo, sobre la exigencia interior de hacer siempre todas las cosas bien, de elegir siempre lo correcto, de nunca equivocarme. Me di cuenta de que es imposibe hacer siempre todas las cosas bien, no equivocarse, estar siempre correcto. La vida es un juego, son intentos, tentativas. A veces uno acierta, otras no. Pero no es por allí por donde quería ir. Lo que quería decir, tanto que lo estoy diciendo, es que me vino un alivio bárbaro al darme cuenta de que no debo forzarme a lo imposible. No debo obligarme a nada. O sea, hay cosas obligatorias, pero la vida en sí no es una obligación. Días atrás reflexionaba sobre algo parecido: la noción de deuda, de estar siempre debiendo. Le debés esto a tus padres, esto a tu mujer, aquello otro a tus amigos, lo de más allá a tus hijos, a tus colegas, a tu país. Yo no le debo nada a nadie. Esto lo tengo muy en claro. No le debo nada a nadie, y si no le debo nada a nadie, sino lo elemental, que es el respeto que todos nos debemos unos a los otros y los otros a los unos (pues es recíproco, ¿no cierto?), entonces soy libre, al menos en esencia, en potencia. Hay un sentimiento de agradecimiento, eso sí, pero el agradecimiento no obliga, ¿te das cuenta? El agradecimiento es gratuito, ¿te fijás? No crea obligaciones. Al contrario, nos suelta, nos une. Estas cosas las comparto porque creo que a todos nos pasa, de una manera o de otra. Y al soltarlas, se van yendo, se va alfojando lo que aprisiona.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Pintando

Hoy hice un pequeño cuadrito en pastel. Un álamo verde, naranja y amarillo a la derecha. Un fondo amarillo y verde abajo. Atrás, las montañas a la distancia, marrones y grises, en una línea serrilhada. A la izquierda, unos matorrales difusos, verde claro, verde más oscuro, y verde hoja, apenas perceptibles. El cielo, azul con un solcito amarillo del centro hacia la izquierda. El papel telado del bloquecito iba creando unos efectos bien bonitos al contacto con el pastel. Mientras pintaba, la mente iba parando. Iba de aqui para allá, y paraba. Pensaba: qué magia. Algo tan sencillo como poner los colores en una hojita, crea como que un intervalo, un remanso. Uno se aquieta. Como si empezara un nuevo día.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

GITA LAZARTE

Nació a las ocho de la mañana en Moldes, provincia de Córdoba, Argentina, el 26 de octubre de 1921. Hija de Feliciano Muñoz y Masa y Oliva Soler y Margarit, españoles llegados al país por mar. Oliva era de origen campestre, nacida y criada en Olesa de Montserrat, Cataluña. Tuvo dos hermanos, Ramón Pascual y Agustina. Vivió en Rosario después de la salida de la familia del pueblito en que moraban, y empezó a estudiar en la capital santafesina, cursando allí los grados secundario y terciario. Conocería en esas salas de aula Alma Lazarte, hija del conocido médico rosarino Juan Lazarte, quien la recibiría en la mítica casa de San Genaro. Allí conoció a Omar, por ese entonces aún embalado en el sueño campestre al que retornaría innúmeras veces, en su migración a Mendoza y en sus andanzas por Alta Gracia y Colonia Segovia, llegando a los alrededores de Mendoza (Gobernador Benegas, Godoy Cruz) en el año 1949. Entre cosmos y pinos nacieron tres críos, que las abuelas vinieron a visitar enseguida: Leonardo, Arturo y el Benjamín. Solcito, colorcito y grillito, bautizados así por René Barbuy, educador popular y creativo de la pionera educación por el arte. Fueron creciendo los niños, migrando hacia el colegio Santa de donde egresaron en 1965. De San Ignacio con sus ruinas bucólicas y el clima de hermandad construído, los egresados disemínanse por sus lugares de origen. Gita los dejara con pena en el corazón, como moisés al lado del río, confiando en que la Madre Santa los protegería en el huerto sagrado de su propio corazón. Mística contemplativa, dejó sus recuerdos vivos en quien la conoció y con ella convivió, bien como en un folleto editado en Mendoza, llamado Caminando hacia el ser. Dom Fragoso, de quien tendría noticias, dijera ser contemplativa la naturaleza del Menoro. Vida Retirada (Fray Luis de León), Que el sabio nunca está fuera de su patria (Anónimo), Diario de un alma, Relatos de un peregrino, Sor Juana Inés de la Cruz, San Juan de la Cruz, Santa Teresita de Lisieux, obras espirituales en ella eran vida. Poesía. Trabajo manual incesante, a todos daba el mismo trato, cual aquél de quien se dijera ser el hijo de Dios, enseñara. No se llenaba la boca con palabras vanas. Simone Weil, entre otras místicas cristianas, le llama la atención. Krishnamurti. Dios es la necesidad, repetía. Es el color. Identidad del alma con lo Divino. Yo soy el que soy, dice Dios a Moisés en el Monte Sinaí. Yo soy el que es, dice Cristo cuando le preguntan quién es. Gita Lazarte es lo que es. Lo que fue. Lo que un alma que se une a Dios en la tierra es. En cuanto a sus trabajos materiales, siendo de profesión arquitecta, Gita trabajó en los planes de vivienda del Banco Hipotecario Nacional (Eva Perón, rebautizado 25 de mayo por el régimen ilegal), enseñó en la Escuela Técnica Pouget, de la provincia de Mendoza, creó el ti-co-ti un juego especialmente para niños. No soportaba que sus hijos jugaran con lo que la industria y el comercio quisieran poner en sus manos. De modo que, de chiquitos, sus tres joyas, como los llamaba en su madurez, en la casa de Leonidas Aguirre jugaban a hacer lo que les venía en gana, mientras papá médico venía del Hospital Central donde trabajaba, a tirar por el aire las propagandas médicas: era la rebatiña. El patio se llenaba de gritos y el Doctor, ya sin guardapolvo, y con el pelo cortado a la Kennedy, llevaba los purretes a cococho y a peteco. Otras veces los llevaba a la colonia, un lugar donde se trabajaba en comunidad, plantando, matando hormigas, cuidando de los perros como el Pinky. Más tarde doña Isolina se hizo cargo del lugar, que fue cedido a la Dirección General de Escuelas de la Provincia de Mendoza y se llamó Escuelita Merceditas de San Martín. En esa época vino María a trabajar en casa, substituyendo Tica, que nos servía el café hirviendo y le dibujábamos a lápiz figuras en la pared, ahorcada. Venían a casa representantes médicos que traían propagandas como valijitas coloridas, una espada verde propaganda de Español, pececitos de colores. Venía Mamina en tren desde Rosario con caramelos de leche, y Chogo. Gita (Herminia Genoveva Muñoz) murió en Mendoza el 19 de octubre de 2007. Escribió Crecer y Crecer por dentro. La biografía de un escritor o escritora, alguien dijo, son sus escritos. En la lápida de su tumba está escrito: La felicidad es obedecer la ley que está escrita en el cielo y en el corazón del hombre.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Simplicidad

A veces uno se siente un poco raro, y no sabe por qué. No siempre uno sabe qué le pasa. A veces está todo bien, o casi todo, digo pero bien bien, sí, bien en tu interior y bien alrededor tuyo. Pero una sensación rara, como de extrañeza o extrañamiento, de que algo no está del todo en su lugar, te acompaña. Yo no sé si es la propia vida que es así, y ya después de todos estos años de convivir conmigo mismo, prefiero esta incerteza, esta sensación un poco rara de que hay algo fuera de lugar, que aquella sensación de que uno sabe todo y sabe cómo son las cosas y qué es qué. Hoy a la mañana, por ejemplo, encontré unos mensajes en el computador. Dos personas me habían escrito. Aquello me dio una alegría inmensa. Me di cuenta de que mi mundo es ese. Es un mundo escrito, de gente que lee y escribe. Gente que se comunica por escrito. Fui a la universidad, a la editora. A la tarde, sentí que había, que hay para mí, un mundo escrito que me anida y que me envuelve. Son los libros que leí, los libros positivos, que me recibieron, y lo que yo mismo escribí, el mundo que fui creando al escribir, al traerme al papel y al recibir ecos de los lectores y lectoras. Hay una alegría muy propia en ir descubriendo que cada vez más uno es uno mismo, que uno vive en un mundo que uno mismo creó. Esto es lo que entiendo que es la autopoiesis o, más simplemente, la poesía. Hoy vi una maceta con flores a la entrada de la casa. Fue una vista rápida, antes de salir. Pero lo que vi, las flores rojas como círculos o molinetes. La propia maceta marrón en la mesita que la sustenta, y una flor caída, me alegraron muchísimo. A veces me parece que la alegría está más en la forma como nos relacionamos con las cosas y con las personas, con nosotros mismos, que en las cosas en sí. Hay una belleza en lo simple, que es muy tocante. Lo simple es como que un lugar de acogimiento, un lugar de paz. Leía en un escrito de mi madre Gita, que lo simple es lo que no puede ser dividido, es lo que es uno, una sola cosa. Por ahí uno se complica la vida buscando razones o explicaciones, justificativas, y la vida es esto que está aquí, esas nubes que pasan, el pájaro cantando, la gente haciendo lo que hace. Una fruta en el piso, alguien barriendo. Puede ser eso, esas cosas, lo que nos de alegría una tarde como ésta.

domingo, 14 de outubro de 2012

Tiempo y lugar

Quería tener un lugar para mi. Un lugar donde pudiera vivir, donde pudiera ser yo mismo, donde pudiera ser feliz. Ahora que miro estas palabras, pasa como una ráfaga toda mi vida pasada y la presente. Todos mis intentos, la canción, la música, la pintura, la oración, la literatura y la poesia. Los caminos, los lugares. La acción. La belleza. Todas mis tentativas. Hay una canción de Los Beatles que lo dice bien. Se llama There´s a place. Hay un lugar, y está en mi mente. Un lugar donde pueda ir cuando me sienta solo, cuando esté en baja. Los Beatles fueron quienes me dieron un nido muy temprano en mi vida. Las flores, las plantas, los paisajes también. Los lagos, los amigos y amigas. El amor, las luchas, los sueños de ayer y de hoy. Todos los sueños. Y de pronto la vida viene pequeñita, como una niña o un niño. Desde ese mundo silencioso y pleno de la infancia. Como si el tiempo no hubiera pasado. Pero pasó, y no pasó. De pronto me parece, como a García Márquez, que la vida queda y nosotros somos quienes pasamos. Por eso me gusta la literatura y la poesia, porque me llevan a ese tiempo inmemorial, a una vida como la que tenía cuando era chico y miraba las parras de la casa de mis padres en la calle Leonidas Aguirre 313 de Mendoza, Argentina. Y ahora de pronto salgo a las calles de mi barrio aqui en João Pessoa, Paraíba, Brasil (ufa, cuántos nombres) y al andar por las veredas y ver los jardines, las flores amarillas y rojas de la casa de enfrente, al lado del restaurant, rumbo a la panadería o a la frutería, viene de vuelta ese tiempo en que salía a andar por ahí no por algún motivo o con algún propósito, sino salía a andar por ahí nomás, como esta tarde de nuevo. Y entonces ya no importa si es João Pessoa o Mendoza. Importa que es un tiempo recogido, un tiempo unido otra vez. Un tiempo de no pensar en cosas importantes. Sino un tiempo de andar por ahí nomás, porque sí, porque me gusta, porque me hace bien. Pero sin estos motivos, que los motivos se los pone uno de grande. Y ahora es la vereda con el plátano con su tronco marcado con los dibujos de las cortezas que se han ido desprendiendo, inclinado sobre la acequia, y las pelotitas que se sueltan y dejan volar las pelusas con el viento, y los amigos de las casas de enfrente que van a venir a jugar a las figuritas o vamos a cambiar revistas. O vamos a ver televisión en la casa de la vecina que tiene, y donde nos sentamos todos los chicos a ver las películas del Oeste. O entonces vamos a la playa a ver el mar azul turquesa y los barcos como quietos o en un movimiento muy lento, y la gente tomando sol o nadando.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Plenitud

No sólo no murió, sino que, al contrario, cada vez nacía más. Eso de la vejez, se dio cuenta esta mañana, no es para mí. Yo voy siendo cada vez más yo, cada vez más joven, a medida que el tiempo pasa. Y si esto te puede llegar a parecer una especie de juego, no te has engañado. Lo contrario es que es fatal: pensar que porque los años van pasando, nos vamos transformando en una especie de cosa inútil, algo menos que. Yo, al contrario, lo que compruebo a cada momento, es que de a poco, o de a mucho (depende de los días, sabés, che), voy viviendo cada vez más en una especie de paraíso, en un tiempo atemporal, en que una felicidad muy especial, antigua, pues tiene que ver con mi infancia, y nueva, pues está aquí ahora, nuevecita mesmo, es lo que predomina. No es que viva en una especie de éxtasis, no, no me entiendas mal. Lo que te quiero decir es que hace ya algunos años, estos últimos años, disfruto de cada instante como algo muy precioso. Todo me da alegría, prácticamente. Aún los disgustos cotidianos, en la convivencia, en el tránsito, esas cosas, son como que detalles pintorescos. Lo que predomina, como te dije, es esa sensación de alegría profunda, una paz contenta, si es que me puedo llegar a hacer entender.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Página eterna

A veces me dejo caer, por decirlo así, en una espécie de hoja. Pero no es que me imagine que hay una hoja y me dejo caer en ella o sobre ella. Es que verdaderamente tengo la sensación inequívoca, de estar dejándome caer sobre una hoja. Es una hoja de un libro, de un color marrón amarillento de tiempo. La sensación es la de ir siendo absorbido por esa hoja inmemorial. Esto me da un consuelo inmenso. El día ha ido pasando, he ido yendo a varios lugares y viniendo de otros, en ese incesante ajedrez cotidiano. Y ahora que ya es de tarde, ahora que la tarde de a poco se va transformando en noche, la sensación de estar ya casi del todo en la hoja, casi ya del otro lado de la hoja, me trae una tranquilidad enorme. Pienso si este consuelo es por la vida de escritor que uno lleva. La poesía es una forma de ser, un modo de estar en el mundo, o varios modos. Hoy en el hospital, mientras dejaba el cuarto de una persona amiga internada, me llevaba su sonrisa como un regalo. Y al entrar en el corredor, vi un haz de luz que venía desde el cuarto de donde estaba saliendo. Supe ésto, que la poesia es una manera de ser, una manera de estar en el mundo. Pensaba que este mundo de los escritores y de las escritoras, es un mundo muy singular. Uno se va adentrando en una dimensión atemporal de la existencia, y allí se encuentra, en ese lugar sin tiempo, en ese tiempo detenido en que las cosas y las personas parecen estar desde sempre y para siempre, incorporado por así decir a la eternidad. Y allí no hay dos sino uno. Allí está todo lo que fue, los seres amados que ya se fueron, más presentes que nunca o tan presentes como siempre. Y esto ocurre en un dia en que las rutinas se rompen y uno por una especie de rendija se contacta finalmente con lo que está aqui, consigo mismo, con el ahora eternamente presente. Las escritoras y escritores forman una especie de comunidad atemporal. Recrean la vida como dioses y diosas incesantes. Y al leer y al escribir, te sumerges en esa página sin tiempo, que incluye todo lo que hay, todo lo que existe.

domingo, 30 de setembro de 2012

Juntando escritos

Me gustaría juntar mis escritos. Al juntar lo que escribo, me voy juntando. Pero el proceso de juntar lo que uno escribe, tiene sus dificultades, como toda tarea humana, no sé si te das cuenta. Es muy lindo, porque uno tiene esa sensación sin igual de irse teniendo de vuelta, de volver a vivir lo vivido, de volver a acordarse de lo que alguien comentó sobre se escrito, que te hizo tanto bien. Pero da un trabajo bárbaro. Este sí, este no. Dónde lo pongo. Me da pena tirarlo, pero me parece repetido. Cuando pienso que podría llegar a juntar muchos de los escritos que ya escribí, me alegro, porque pienso que este trabajo es muy gratificante, aunque no lo publique en papel, como ya me ha pasado, que he escrito varios libros y los puse en internet. Uno se va limpiando, va abriendo espacio para lo nuevo. Cuando pienso que podría llegar a montar un nuevo libro, pienso que lo ideal sería un día publicarlo en papel. Pero independientemente de si lo voy a juntar o no a este nuevo libro, lo cual sé que me va a dar un trabajo de aquellos, ya el sólo hecho de pensar en juntar mis escritos, me alegra. Es como si algo se fuera poniendo en su lugar. Ese algo soy yo. Es el mundo alrededor, pero sobre todo, soy yo quien se reúne, quien se va levantando como una pared hacia el sol. No para tapar el horizonte o cerrar caminos, sino porque es necesario ordenarse, es necesario, hace bien juntar tus pedazos. Aunque no los junte, ya los junté, ya están juntos.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Lectura incompleta

Había decidido que terminaría de leer todos los libros que había dejado de leer por la mitad, o al comienzo, no importa en qué parte. La lista no era pequeña. La balsa de piedra, de José Saramago, Casi un objeto, también de José Saramago, La guerra del fin del mundo, de Mario Vargas Llosa, La mala hora, de Gabriel García Márquez. ¿Y si me pusiera a leerlos de a poco, uno tras otro, hasta terminar? Habría que agregar otros cuya inconclusión no se le había olvidado pero que, sin embargo, le parecía normal que no los hubiera terminado de leer. Eran: Salvo el crepúsculo, de Julio Cortázar, Poesías de amor, de José Martí, La poesía española del siglo de oro, la Antología personal de Jorge Luis Borges. Pero por qué tendría que terminarlos de leer, pensó. ¿No sería una especie de auto-castigo injustificable y desde todo punto de vista no recomendable? Se acordó entonces de los libros de Henry James que tampoco había terminado de leer: Outra volta do parafuso, Os papéis de Aspern, A fera na selva. Entonces le vino a la cabeza el siguiente pensamiento. No los voy a terminar de leer y se acabó. Al final, me gusta dejar esas puertas abiertas. Libros incompletamente leídos son como avenidas abiertas a lo desconocido. Son como lugares a los cuales hemos sido invitados a visitar, y que por algún motivo aún nos están llamando, o no.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Día gris

El dia está gris. El dia está gris pero los malvones. El dia está gris pero la capacidad humana de crecer con las adversidades, de aprender a convivir con lo que no se puede modificar, de agradecer por lo que ha recibido de la vida. El dia está gris, pero la voz de la novicia rebelde. El dia está gris pero tu abrazo y tu fe. El dia está gris pero ya no tan gris. Escuchando se aprende.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Volviendo a Lagoa Seca

Estas venidas a Lagoa Seca acaban siendo momentos muy interesantes. Esta es la tercera vez, y en esta reiteración de las venidas, es como si las memorias acumuladas, lo vivido cada vez que uno vino, se fueran acumulando, es como si se fuera formando una realidad más sólida, más consistente. Van cambiando algunas personas, otras son las mismas. Acontecimientos de antes y de ahora se van fundiendo en una como que continuidad consistente, muy extraña y muy linda. Los malvones que vi la otra vez por la ventana del cuarto, ahora los fui a ver por el lado de afuera, y miré hacia adentro de uno de ellos, como hacía cuando era chiquito, en la casa de la calle Leonidas Aguirre 313, Mendoza. Ahora a la tarde salí a pasear por el jardín del frente con Arthurzinho, el hijo de Djair. Salimos de la mano, pero en seguida me largó y se fue corriendo, pidiéndome que lo siguiera. Quería bajar y subir por una rampa de acceso que hay en el frente del Colegio Marista. En el patio central del colegio hay un jardín con una virgencita que ampara a un niño con la mano. Alrededor de ella, florcitas muy pequeñas, formando un cuadro de verdad atrayente. A los lados, arcadas por lós corredores que dan al jardín central. En una esquina de este jardín, una parra. Yo no vengo a estas actividades de Cuidando del Cuidador con alguna tarea fija. Solamente acompaño. Estoy con la gente en algunos momentos, en otros escribo. Son siempre momentos de mucho recogimiento interior, de un aquietamiento muy grande. Hay una paz notable en el lugar. Parece fuera del mundo. Esta tarde di una vuelta por el jadrín del frente, donde hay palmeras muy altas y ortros árboles frondosos, que dan mucha sombra. Caminitos cortando los prados de césped. Algunos trabajadores a lo lejos, en alguna tarea. Crisantemos, otras flores rosadas y amarillas, en pergolados. Un paraíso. En lugares así, simplemente estar aqui, es orar, es estar en Dios, en comunión con Dios. Ahora se escuchan voces en el cuarto de al lado, donde está Arthurzinho. Hay una capilla bastante grande, un auditorio donde se está desarrollando el curso, y un refectorio bastante grande también. La figura de la virgen con el niño rodeada de flores, evoca algo muy tierno.

domingo, 23 de setembro de 2012

Presente

Estoy vivo, pensó, y eso es lo que importa. Si estoy sano o enfermo, contento o triste, preocupado, con culpas, ansioso o como sea, es secundario. Todo lo que viví hasta ahora dio como resultado este ser que soy yo, que está aquí, ahora, escribiendo estas cosas. Al borde, por así decir, de una especie de pared de cristal transparente que es lo que separa la vida de la muerte, si es que están separadas, si es que no hay una continuidad entre lo que fue, ese pasado con errores y desvíos, dolores y triunfos, sueños míos y de mis ancestrales, sueños colectivos y personales, que dieron como resultado este presente, este instante al borde de la eternidad. Miro los días pasados, tantos días, tantos lugares, tantas noches y caminos, ríos, montañas, ciudades, miedos, luchas, esperanzas, expectativas, amores, y este instante de ahora, este preciso momento en que pongo estas letras, es el resultado de todo eso, y apunta a otra continuidad no menos asombrosa que se extiende hacia adelante, hacia todas las direcciones. Estoy vivo, lo demás es secundario, esto es lo posible, esto es todas las posibilidades. La de renacer, la de transparentarme con la pared de cristal y simplemente pasar a la hoja del libro de la vida y allí quedar como tantos y tantas ya quedaron, y otros tantos y tantas quedarán, mientras haya vida, mientras haya esta continuidad articulada y admirable que es la existencia.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Construyendo

Cuando escribo, hago mío el mundo alrededor, y el mundo interno y externo se unifican de manera creativa y cambiante. Vivo en un mundo que en buena medida he ido creando a lo largo de los años, a medida que me fue siendo dado ir construyendo mi propio lugar en el mundo. Entonces ya no es el mundo dado, el mundo que alguien dice que está ahí, y del modo como otros dicen que está ahí, o del modo como alguien dice que debería ser. Es, o mejor dicho, está siendo, va siendo, de formas mías que son también formas compartidas, formas que he ido aprendiendo con mis padres y con mi esposa, con algunos amigos, con la cultura y la historia, con la literatura y la poesía. Sobre todo la literatura y poesía, esos terrenos comunes, donde todo está unido y se comparte. Lo que voy viviendo, en parte es creado, lo voy haciendo o ya lo hice y en él me incluyo, entro en lo que está aquí ahora. El mundo ya no me es tan ajeno, o no me es en absoluto ajeno. Esto no es fijo, constante. Cambia, como todo. Hay días de una extrañeza total, donde todo es raro y yo más que todo, y días en que todo es tan unido, todo es tan una sola cosa hermosa que contiene a todos y a todas las cosas. Jorge Luis Borges decía que los libros son extensiones de la memoria y de la imaginación. Julio Cortázar decía que la literatura deshace la falsa objetividad creada por la intelectualidad raciocinante y por la cosificación cotidiana. Esto está al alcance de todo el mundo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ordenándote

Alguna cosa se empieza a ordenar en mí cuando empiezo a escribir, cuando empiezo a ver las letras que van apareciendo delante de mis ojos. No sé si a vos te pasa algo así por el estilo. No sé si es por todo el tiempo que he pasado e mi vida, leyendo y escribiendo, que las palabras y las letras me dicen cosas aún cuando callan. Aún cuando no dicen nada, están hablando. Y para que veas que no es sólo una manera de decir, o un juego de palabras, un efecto o cosas que se parezca, te cuento que esto que te digo es la pura verdad, che pibe o piba. Cuando leo o escribo, se me viene mi historia otra vez. Me recupero, me tengo de vuelta. No sé si te pasa esto también haciendo alguna cosa, o muchas cosas. Tal vez cada persona tenga sus propias maneras de tenerse de vuelta. Lo de las letras y las palabras, para mí es lo más directo, lo más efectivo. No importa dónde escriba, o qué esté leyendo, o si estoy leyendo de hecho o de hecho escribiendo. Estoy siempre leyendo y escribiendo. Lo de Paulo Freire, leerse en la escritura del mundo. Lo de Jorge Luis Borges, darse cuenta de que todo es una letra de la eterna escritura indescifrable cuyo libro es el tiempo. Lo silencios también hablan, no sé si te has dado cuenta. Por no solamente hablan los silencios de callarse, de no decir nada, de no escuchar nada. Hay un silencio sólido, unificante, que une todas las cosas, que conecta todo con todo, que contiene todo. De pronto podés darte cuenta de que todo está contenido en el silencio. El silencio como que contiene todas las cosas. A veces uno se calla, pero se calla también por dentro, o mejor aún, escucha, escucha el mundo y la vida, se escucha. Te escuchas y ese escuchar es más que silencio. Es un supra-silencio. No hay necesidad de estar hablando todo el tiempo consigo mismo, ni, mucho menos con los demás. Uno puede escuchar, y escuchar te dice muchas cosas. Los silencios te conectan, unen todas las cosas. Uno no puede todo, ni todo lo que uno puede es bueno, ni cualquier tiempo es bueno para cualquier cosa. Las cosas tienen su tiempo y uno tiene su tiempo también.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Caminando

A veces te sientes un poco cansado. A punto de naufragar, si quisieras exagerar. Pero no tanto. Un poco de cansancio nomás. Pero el mágico ritual de ir poniendo letras una al lado de la otra, tienen el efecto inmediato de irte devolviendo un poco de energía. Ahora a la tarde ibas por las veredas del barrio rumbo al mercadito. Y veías las veredas de piedra y de baldosas, unas con flores al lado, en jardines, otras al lado de muros. Ibas caminando y pensabas cómo la vida, lo que existe, es literario. Caminas por las páginas de un libro. Es más entretenido así. De pronto te viste en una página que se extendía adoptando la forma exacta de todo lo que te rodeaba, la calle, la gente, los autos, los jardines, las veredas, los pájaros, los postes con cables, la panadería, la inmobiliaria, el restaurante, la gente caminando. Y tú allí, en medio de ese escrito que era todo lo que existía. Caminar, escribir, reponen energías, vida.

domingo, 16 de setembro de 2012

Dominó literario.

Muchas veces, al leer, vienen evocaciones de otros libros leídos, trechos de otros autores o autoras. A veces es una palabra, o lo dicho en una frase; entonces me disperso, voy al otro libro, a la otra historia, a otro autor o autora. Así, muchas veces dejo lo que estoy leyendo, porque me fui por corredores y pasillos, patios y ventanas, puertas y caminos que fueron apareciendo en la lectura.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Silencio unitivo

Puede haber un silencio. Un silencio no es sólo nada. Un silencio no es nada. Un silencio es algo que te acoge, que te recibe. Es el lado unitivo de la vida. Puede haber un silencio, si por un momento cierras los ojos y oyes todo lo que te rodea. Pero puedes oír no sólo con los oídos. Puedes oír con todo tu cuerpo, con todo tu ser. Hoy me quedé un rato, meditando. Oyendo el sonido del silencio. Oyendo el silencio en el mundo y en mí. Había ruidos, dentro y fuera, pero se fueron borrando, se fueron apagando, cada vez más tenues, hasta que quedó aún sólo el silencio. Sólo el silencio, en medio del ruido. Entonces me di cuenta de que puede haber silencio, de que puede haber un silencio, y que este silencio no es ausencia de ruidos. Este silencio es unidad, es la costura total de todo.

Dilución literaria

Algunas veces cierras los ojos y ves el mundo de letras en el que has sido formado. Se alinean los libros que leíste, los que oíste contados por tu madre. Los que viste en las vitrinas de las librerías. Los que hojeaste en las librerías de usados. Los que consultaste en las bibliotecas públicas, en distintas épocas de tu vida. Los que le llevabas a tu abuela, los que le leías a tu otra abuela. Los que has escrito, los que sigues leyendo, en los mensajes de tus lectoras y lectores. Los que todo el mundo va escribiendo, como tú mismo, por donde vas, con tus gestos, tu presencia. Por ahí te llama la atención el modo como algunas personas te tratan. Con una deferencia. Tratas de tratar bien a cada persona. Hoy a la tarde, en la sala de espera de la dentista, pensabas qué buena compañía son los libros. No importa si los lees o no. Me refiero sobre todo a los libros de literatura, aunque eventualmente algún libro espiritual también puede estar incluido en esta mención. Los libros te acompañan, te reciben, abren un lugar para ti. Son como puertos o golfos, lugares donde puedes refugiarte siempre que lo quieras o necesites. No necesitas ni leerlos. Basta tenerlos cerca. A veces llevas un libro contigo y no lo lees, pero su presencia te acompaña. Lees de maneras diferentes. A veces concentrado, pero más frecuentemente, con una especie de distracción, donde no te importa demasiado el enredo, los nombres o lo que se dice, sino la manera como se va diciendo, los modos como la historia te va envolviendo hasta raptarte del todo de esta realidad cotidiana, para llevarte a una inmensidad ilimitada donde te encuentras con tantos otros libros y personajes que has ido leyendo a lo largo de tu vida. O que has ido siendo a lo largo de tus días. Así, al final, los libros y tú, se van diluyendo mutuamente en una especie de niebla que a cualquier hora del día o de la noche, se expende indefinidamente. Foto: José Hernández, autor del Martín Fierro.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Reintegração pela leitura

Há alguns livros que nos incluem de uma forma que chega a ser surpreendente, mesmo, que a gente esteja do lado de cá, diante da página, e do lado de lá (mas onde, como) uma história que fala de nós, ou, melhor dito, na qual nos vemos refletidos a um ponto admirável, verdadeiramente assombroso. Sempre admirei os autores e autoras que fizeram isto comigo como leitor. Que me levaram para mundos tão meus, que nem eu mesmo os conhecia, até os ver lidos, escritos, nas páginas de um livro. Esses autores e autoras e seus livros, me acolheram de tal forma durante a minha vida, e isto começa a se repetir novamente nesta outra fase da minha vida, a atual, que não posso menos que expressar a minha perplexidade. Como isto é possível, e não é uma expressão que busque uma explicação, mas apenas uma forma de partilhar o assombro. Últimamente, isto tem me acontecido de maneira muito forte, com um livro de Henry James, A fera na selva, e com um outro, de Marcel Proust, No caminho de Swann. O mais interessante é que ao ler estes livros, bem como um outro de Henry James, A outra volta do parafuso, foi como se fosse se montando o quebra-cabeças total da minha vida no mundo da leitura. Ao ler No caminho de Swann, hoje de manhã, no sofá da sala, não pude menos que me admirar, como já disse e repito. O autor estava falado de mim. Ele, a quem supostamente não conheço, falava de alguém que tinha do mundo e de si mesmo, sensações, sentimentos e pensamentos, que são meus. Não parecidos ou aproximados, e sim idênticos. Lembrei de certa vez que Jorge Luis Borges, o grande escritor e poeta argentino, se desculpara para com os seus leitores, no sentido de que se encontrassem no seu livro algum poema que merecesse apreço, esse poema tivesse sido escrito por Borges e não pelos seus leitores ou leitoras. No seu conto "Axolotl," Julio Cortázar, o genial autor de Histórias de Cronópios e de Famas, descreve alguém que olha um peixe a través do vidro de um aquário. De tanto olhar para o peixe, acaba se tornando o próprio peixe, vê a si mesmo desde o interior do aquário. Algo assim sinto que sucede ao ler um destes livros que me refletem totalmente. Livros que me foram incluindo de tal forma, que fui ao lê-los, tendo mais noção de mim mesmo, perdendo a estranha estranheza que me acompanha desde que me conheço por gente.

domingo, 9 de setembro de 2012

Finalmente, el presente

Finalmente, el presente. No importa cuándo hayas nacido, cuánto tiempo hayas demorado para llegar a este instante en que, finalmente, conseguís estar todo aquí, o casi del todo aquí, con esa sensación sin igual, de estar finalmente en tu propio lugar, aquí, un lugar en el universo, en medio de la gente, en el tiempo y espacio. Esta mañana me desperté con una sensación nueva. Como si hubiera algo cambiado en mi vida. El presente estaba ahí, o yo estaba en el presente, no sé cuál es la expresión correcta. El tiempo se había limpiado. Virgen otra vez. El día fue pasando, y esta sensación fue cambiando. De algún modo fueron entrando algunas limitaciones o condicionamientos, hábitos mentales del pasado. Pero no se pegaban tanto al presente. Interferían, sí, con la fluidez de tempranito, pero era como si no consiguieran romper lo nuevo que se había instalado en el día, en mí, en la vida. Antiguos hábitos reactivos, o una autocrítica excesiva, por ahí interferían. O las preocupaciones, el perfeccionismo, en fin, el batallón de choque del pasado. Pero el presente insistía, sigue insistiendo, se abre paso, viene llegando. O viene volviendo, porque la sensación es la de haber vuelto, la de estar volviendo, la de estar a veces por completo, en un tiempo puro, anterior, presente totalmente.

sábado, 8 de setembro de 2012

Um dia

Un día es tanto tiempo. Un día es mucho tiempo. Hoy anduve por las veredas de las calles del barrio. La calle del flamboyant. Leí algunas líneas del libro de Henry James, a A Fera na Selva. Seja sempre quem você é. Agora é de noite. Liguei para os meus irmãos, para um meu amigo, para uma das minhas cunhadas, a que mora na Guyana. Hoje o dia foi de estas coisas. Fazer algumas compras pela manhã. Umas cadeiras necessárias à cozinha. Uns travesseiros, um tapete que ficou muito bem na sala. O mais, lembrar que a vida é sempre algo novo. Soube disto ao chegar à esquina da Epitácio Pessoa. Nunca antes tinha visto todos esses carros aí. E se eram novos, por que eu não os via como novos? O teu rosto. Um antigo poema em que tento dizer o que és para mim, o que sinto por você. Sete dias, sete noites. E alguém poderá se perguntar, por que este texto começa em castelhano e termina em português? Eu também me pergunto, ou, se preferires, yo también me pregunto.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Un día

Un día es mucho tiempo. Un día puede ser todo el tiempo. Hoy vi una película llamada 360 grados. Varias historias de amor entrelazadas. Muy linda. La percepción viaja. En un momento, vi una imagen que supe que era Dios. Como una pared infinita. Del lado de acá, los humanos, nosotros. De lado de allá, una infinitud amigable y al mismo tiempo asombrosa, Dios.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Lugar atemporal

Há alguns momentos em que nos deixamos escorregar para uma realidade atemporal, para um tempo parado, quieto. Isto pode ocorrer no meio das atividades diárias, enquanto esperas o elevador, ou antes de descer pelas escadas. Podes ir para esse lugar sem tempo, para esse lugar sem movimentos, que está perpetuamente igual a si mesmo, e ali ter uma sensação de eternidade, de imortalidade. Isto pode ocorrer enquanto olhas uma película na televisão, uns bosques á beira das águas de um lago, alguém remando, as ondas se desenhando na superfície das águas. Em algum momento do dia, o tempo parece se deter. Ou será que és tu que paras, que deténs o teu ir e vir, teu passar, teu estar indo para algum lugar. De repente pode ser enquanto ouves a voz da tua amada, ou ao passar por baixo de uma árvore na calçada, rumo ao mar ou na volta da praia. Também pode ocorrer enquanto lês um livro desses que parece prolongar a nossa vida pelas mãos de um relato que te envolve, que parece ser a tua própria vida transposta para as páginas do livro que lês na sala, enquanto as pessoas em volta, enquanto a tarde que se vai indo em direção à noite, enquanto o vento e a chuva. Podes ir para esse lugar sem tempo a qualquer momento, talvez ele sejas tu mesmo, ou esteja em ti, ou à tua volta. Não sabes. Pouco importa, esse lugar está aqui, ali, em toda parte.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Recordándote

Por ahí uno puede haberse olvidado de uno mismo, de la vida que le tocó vivir hasta el instante actual. Pero en algún momento te acordás, viene a vos la memoria total de lo que hiciste para llegar hasta aquí. La memoria de la persona que sos. Entonces te agigantas, aunque seas chiquitito. Entonces todos tus sentires, tus alegrías y tus tristezas, esa tu manera de andar por ahí sin saber muy bien para qué o por qué, simplemente yendo o viniendo, admirado de estar vivo y viviendo, viendo el mundo a tu alrededor, todo eso, simplemente eso, nada más ni nada menos que eso, te llenan de un sentido pleno. No importa mucho el sentido que puedan tener las palabras, sino el sentido que vos le das a la palabra. A la palabra que sos vos, a ese pedazo de vida con historia que a esta hora, en este momento, mira hacia adentro y hacia afuera de sí y se maravilla con tanto camino recorrido. De tanto escribir, por ahí son las palabras las que vienen a vos, formando una especie de mundo muy tenue, acogedor, alrededor tuyo. Hay momentos en que vives eso, esa especie de capullo de cristal, casi invisible pero real, que te une a todo lo que te rodea, que cose tus pasos hasta aquí, que te extiende y te contrae como una pulsación universal en ti, de ti. Entonces aquellas personas que se han visto y se ven reflejadas en lo que escribes, amigos o amigas muy queridos, son como que la prueba de que este ejercicio es válido. Te ves, te ven, se ven, nos vemos, en las palabras que vienen y que espejan, reflejan, dejan ver luz hacia adentro y hacia afuera de la vida de cada uno, de cada una, formando como un gran sol infinito

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O dia seguinte

Esse dia, acordara com uma disposição diferente. Lembrara da noite anterior, de uma maneira distinta. Era como se as lembranças de ontem, e de tempos muito distantes da sua juventude, tivessem se amalgamado. Algo dentro de si tinha se soltado. Alguma espécie de coação, uma como que obrigação de desempenhar papéis, de agir de certas formas, tinham ido embora. Sabia o que era, não de maneira clara e explícita, ou até também. Mas de maneira vivencial. Deixaria o dia correr. Estava deixando que a vida o levasse. Vira o rosto de Nathalia a mostrar o álbum de fotos no novo apartamento de Josélia. Leila, Caio, Vagneide, Albert, Bruno, a sua companheira. Lembrara que em certo momento, enquanto estavam todos em volta da mesa, voltara uma antiga tristeza. Tristeza? pensara. Vieram lágrimas aos seus olhos, um aperto no peito. Então deixara-se vir, deixara-se fluir, deixara-se estar. Estava ali, nessa mesa em volta dos seus familiares brasileiros do nordeste. De alguma maneira temos que nos referir uns aos outros, pensava, agora, na manhã seguinte. Fora quando na TV começaram a passar os rostos dos candidatos e das candidatas à prefeitura municipal de João Pessoa. Rira com Bruno, comentando os nomes esquisitos que apareciam na tela. Deixara que a tristeza lhe afrouxasse o peito. Vieram lágrimas. Numa fugacidade rapidíssima, nessa fugacidade do pensamento que apenas podes perceber que veio e já se foi, veio a lembrança da outra noitada em família, no bar do Bessa, dias antes. Leila, Regina, Abel, Filipe, Thalita. Família. Pensava nos que estavam longe. Na família em Mendoza, Buenos Aires, Brasília, São Paulo. Agora ria com Bruno dos nomes estranhos. Não sei quem da motocicleta. E a roubalheira do governo. E a greve dos professores, sem que o governo negociara. O cuzcuz na mesa. As empadinhas. O café, o suco. Vira os rostos. Agora é a manhã seguinte. O dia já começou. O canto dos pássaros. As fotos de Paris. Notre Dame. Os jardins de Monet. As flores. Raphaël e as pombas na praça. Deixara-se vir, deixara-se estar. Talvez essa fosse a palavra chave. Uma leveza diferente. Como nos tempos em que tudo era possível. Aqueles tempos e este tempo, um único tempo. O vento uivando no apartamento. A vista da cidade à noite. O mar de luzes a se estender pela noite afora. Sim, a tristeza liberta. Algo em ti se solta. Podes ser feliz. Podes viver. A vida está aí. É isto, como dizia Dom Fragoso. Lembrara do rosto do bispo no bairro de José Américo. A expressão sorridente quando iam sair de passeio pelas manhãs, a visitar doentes. Está disposto? era a pergunta habitual. Visitavam antigos militantes católicos, da JOC. Pérez Esquivel. Deus não mata. Lembrara da reunião da manhã. O aniversário de Magdala e de Ricardo Brindeiro. Tudo voltava. Os padres das Paulinas. Comblin. Agora era o dia seguinte. Mas um único e o mesmo dia. Só tem um dia. É este o dia. O vento uivava pelas frestas das janelas. Que poderias dizer da tua fé, de Deus, do que quer que seja, se tudo está sempre sendo dito, redito, desdito. Os jardins do prédio no Altiplano. Ágora ela dorme e o tic-tac lento do relógio anda sem pressa, como ritmado. Nem sempre se encontram as palavras certas. Às vezes são palavras aproximativas. O que queres deixar registrado, o que fica aqui registrado, é que hoje é o dia seguinte, e que o dia seguinte e os dias anteriores e posteriores, são um único e o mesmo dia, todos os dias.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ser uno mismo

Verdaderamente no concibo una alegría más grande que la que se siente cuando uno es uno mismo, la persona que en realidad somos, el ser que cada uno, cada una de nosotros, es. Hoy a la mañana, de madrugada, desperté y escribí un texto llamado La importancia de las pequeñas cosas. La principal de las cosas que allí se decían, que allí se dicen, es justamente esto: que uno se alegra de verdad, totalmente, por completo, cuando es uno mismo, cuando somos el ser, la persona, que somos de verdad. Entonces hay fiestas en los cielos. Y en la tierra, que es o puede ser el reino de Dios. Ser uno mismo puede parecer algo trivial, hasta obvio, pero no lo es. El sistema vive de la despersonalización. Nos empujan todo el tiempo para que seamos otra cosa, no lo que somos, no el ser que somos. Me acuerdo de un texto de Allan Watts, el teólogo de los hippies, que decía en su libro Tabu: lo que no te deja saber quién eres, que en la sociedad actual, todo lleva a que uno se torne una falsificación legítima. Uno tiende a transformarse en otra cosa, en lo que no es, para ser aceptado. Cuando me di cuenta, o mejor dicho, a medida que me fui dando cuenta, que no era más yo, que me había transformado en otra cosa que lo que soy en verdad, empecé a traerme de vuelta. No fue un proceso fácil. Uno se confunde a tal punto con las máscaras, que cree que es esas máscaras, esos papeles. Esto le pasa a todo el mundo. Lo he visto en la Terapia Comunitaria varias veces. Me acuerdo de una mujer en Sousa, Paraíba, en 2009, en una formación de terapeutas comunitarios y comunitarias. Una mujer decía que ella creía que era madre y esposa, pero que ahora había descubierto que era ella misma. Esto no me lo olvidé nunca. Yo también me creí, como todo el mundo se cree, que es esto o aquello, los papeles sociales que necesitamos desempeñar para vivir en sociedad. Pero no somos esos papeles. Yo soy sociólogo, soy pintor, soy padre de familia, soy esposo, soy cristiano, soy hijo, soy sobrino, tío. Pero en realidad, lo que soy no es nada que pueda ser definido a partir de esos rótulos, ni siquiera el más amplio, como ser cristiano, o ser humano, ser hombre. Soy todo eso, y algo más. Algo que no se puede del todo decir con palabras, pero a lo cual me voy acercando a medida que me voy despegando de las máscaras, de los papeles con los cuales me confundí durante tanto tiempo. Cualquiera de esos rótulos o papeles podría contener mi ser total. Sin embargo, tengo la impresión de que hay siempre una pequeña o grande diferencia entre el ser y los ropajes del ser. Hay unos momentos en que me sorprende todo, la gente, yo mismo, el mundo, la vida, las plantas, el cielo, todo lo que está aquí. Hay unas horas en que todo es sorprendente. Haber vivido todo lo que viviste hasta aquí. No es poca cosa. Hay momentos en que me voy con la memoria hacia los años 1960 o 1970. Me parece increíble haber vivido esos tiempos, esos acontecimientos. Tanta gente. Tantas emociones. Tanto tanto de tanto. Hasta parece que uno hubiera sido muchos, y no uno solo. Y ¿no será que hay allí mucho más de verdad, de lo que pueda parecer a simple vista? ¿Cuántos somos, cuantas somos? Nos han hecho creer, de pronto nos pudimos llegar a creer, que éramos una sola y única persona. Pero ¿será que es así? ¿Qué dice mi propia experiencia? Esta madrugada, en ese texto que te decía al comienzo, decía que me había dado cuenta, que me di cuenta finamente, que soy un escritor. Eso es lo que sé hasta ahora. No sé qué podrá venir más adelante. Ahora sé esto. O, para decirlo freireanamente, me doy cuenta de que estoy siendo escritor. Ser escritor es estar escribiéndose con el tiempo y con el mundo, con la gente, con lo que ocurre. Cuando veo una palabra que sale de mis manos y va para el papel, del papel a mis ojos, a los ojos de alguien, y vuelve, ya no soy el mismo. Soy más, soy otro, voy siendo un mundo que va siendo y que se va escribiendo sin parar. Estas cosas me llevan de vuelta a otro tiempo. Otro tiempo que vuelve. El tiempo de mi infancia. Escribía y me veía en lo que escribía. Un manantial. Ahora escribo, y, como antes, como entonces, no tengo la pretensión de impactar a quienes puedan leer lo que escribo, lo que sale de mis manos. Escribo como las plantas dan flores o frutos, o flores y frutos. Mis flores y frutos son lo que escribo. Y así escribiendo, viendo lo que viene, voy viendo la vida que va viniendo, y yo viniendo con la vida que viene.