segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Voltando

Ontem à noite, andando pela beira-mar com a minha esposa, encontramos um velho amigo, um médico sanitarista com quem, há cerca de 10 anos atrás, fizemos juntos, uns trabalhos de saúde mental comunitária no município de Cabedelo. Entre outros assuntos, a conversa veio para o Papa Francisco.

Este amigo nosso, que hoje se dedica a cuidar da saúde das populações indígenas no estado do Amazonas, em condições dificílimas, disse que o atual Papa trouxe de volta o Evangelho para dentro da Igreja Católica.

Agora volto sobre esta frase, uma vez que ela me faz refletir sobre algo que até agora nunca disse em público, e que me parece necessário dizer. Não acredito que o Evangelho de Jesus Cristo, nem que Jesus Cristo ele próprio, sejam propriedade de alguém, um grupo, uma instituição.

Mas não era isto que queria dizer. O que quero dizer, é isto. Que creio que os cristãos ou os que intentamos seguir Jesus Cristo e viver o Evangelho, não somos pessoas melhores do que as outras.

Ao contrário, em algum sentido, somos pessoas que confessam, ao atender ao chamado de Jesus, a nossa própria indigência, a nossa necessidade de sermos apoiados e guiados pelo próprio Deus feito homem, para que possamos andar no bom caminho.

Talvez o que estou dizendo seja algo banal, mas acho que não. Acredito que, como seres humanos, precisamos sempre uns dos outros para que, entre todos, possamos ir construindo caminhos de bem, de verdade, de amor e de justiça.

Lembro que, na Terapia Comunitária Integrativa, frequentemente se diz que “Deus age humanamente no mundo humano”. Isto quer dizer que necessitamos uns dos outros para acertar no que seja justo.

Ninguém pode se isolar dos demais e dizer: Deus me disse o que é a verdade. A verdade é feita entre nós, entre os seres humanos. É uma construção coletiva. Mas esta coletividade ou socialidade ou caráter comunitário do agir humano, não garante que estejamos sempre a andar pelo bom caminho.

Podemos errar juntos, também. Ninguém está isento disto. O que estou querendo frisar aqui, é que a necessária socialidade do nosso ser e existir em sociedade, deve nos fazer permanecer abertos ao que vemos ao nosso lado, ao que acontece com os vizinhos, com as pessoas da própria família, com os amigos e conhecidos.

Ninguém está isento de errar. Quando digo, como estou dizendo aqui, que o fato de sermos cristãos ou de sermos pessoas que intentam seguir Jesus, revela a nossa indigência e a nossa incapacidade de, sozinhos, acertarmos com o bom caminho, estou dizendo que isto deveria nos fazer mais humildes, menos auto-suficientes.

Somos criaturas efêmeras, conquanto alguns de nós consigam viver muitos anos. Mas esses anos vividos, que sejam em conexão com o mistério e o milagre que nos faz estar aqui. Que não nos percamos no intelectualismo enganoso, que nos afasta de nós mesmos e dos demais, do mundo.

Aprendamos a agradecer a vida que nos foi dada, sem indagar sobre questões inúteis nem sobre os desígnios de Deus. Aceitemos a nossa natureza única, que nos faz ser diferentes de qualquer outra pessoa, sem que por isto, percamos de vista a unidade essencial que nos mantém integrados não apenas à humanidade, mas a tudo que existe.

Sejamos capazes de aceitar o silêncio interior que nos é dado como uma graça, para poder viver em paz no meio do bombardeio diário de informações e de apelos de todo tipo. Cultivemos os dons que nos foram dados, para o bem nosso e dos demais.

sábado, 28 de dezembro de 2013

As flores param o tempo

Ontem à noite, passara algum tempo vendo imagens de flores na minha mente, ou na imaginação. Flores de amendoeira, de damasco, de retama. Rosas, gladiolos, lírios, verbenas, glisinas. Corais, margaridas, clarins de guerra, cravos. Flores que vira em distintos lugares. No campo, na montanha, em jardins das casas onde morei, ou por onde passei. Flores. As flores detém o tempo. Por razões que desconheço, as flores param o tempo. Se você reparar com bem muita atenção, se você olhar para as flores, poderá ver que em volta delas o tempo para.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Todas esas tardes

Todas esas tardes que pasaras frente al consultorio del dentista. Por esa misma calle, ayer a la tarde, cuando de nuevo pasaste, parecieron confluir de repente. La mirada poética reúne esos momentos únicos que te es dado vivir. Lo aparentemente banal o fugaz, es aprisionado en su singularidad. Las chicas hojeando las revistas en la sala de espera. Y tú ojeando a las chicas. Las escenas de las novelas de la TV pasando. Los obreros en la calle trabajando. Los autos estacionados. La casa de tortas allí cerca, a la vuelta de la esquina. Todo como que de pronto volvió ayer cuando pasabas otra vez por esa misma calle. Como un relámpago, una visión fugaz.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Guía interior

Esta mañana, cuando me levanté, sentí-vi unas líneas amarillas como yendo en la dirección de un agujero. Yo debía seguir por allí. Esto lo percibí de una manera que ahora no sabría como describir, pero que era muy nítida en ese momento y ahora también. Era cuestión de dejarse llevar por el día, por el movimiento de la vida. Más tarde, ví una púa bajando sobre un disco Long Play. De nuevo, era o es, una cuestión de ajuste, de momento justo, de ubicación. A la mañana, me dí cuenta de que había o hay, un orden en el día, en el tiempo, en la vida. Ese orden no es arbitrario, sino necesario, y obedece a algo más que a mis pensamentos, o a lo que creo que debería hacer. Está dado, está aquí, en mí y en el mundo. No prescinde de mi inteligencia, pero no se limita a mi pensamento normal o común. Es visual, y claro, interior y evidente. Lo de la púa y el disco tiene la misma connotación de una guía interior. Adecuación, encaje, inserción, sintonía.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Si fuera yo

Si yo fuera yo, solamente yo, siempre yo todo el tiempo, sería feliz, siempre feliz.

Porque el tiempo y yo, el mundo y yo, la volutad del cosmos y yo, seríamos siempre uno.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sincronicidad

De tanto escribir y leer, de pronto se va creando una simetría, una sinergia, una sincronicidad entre tu vida y los libros que lees y escribes. Ayer a la tarde me levanté de la siesta pensando en un flamboyant que hay en una esquina cerca de mi casa. Veía sus flores y ramas, su tronco y raíces.

Todo esto para decir que no necesito estar pensando todo el tiempo. Puedo dispensar, puedo estar, solamente. A veces leo un libro, mejor dicho, una frase en un libro, y me admira cómo esa frase llegó en el momento justo. Ahora mismo, esta tarde, estaba en casa, andando sin tener nada que hacer, sin saber qué hacer, y sin embargo sospechando que lo que tenía que hacer era eso: no hacer nada.

Entonces encuentro un escrito mío de esos que estoy juntando pensando en algún nuevo libro que talvez un día publique. Se llama “Dispensando”, y trata justamente de esto: de que no hay necesidad de estar pensando todo el tiempo. Se puede estar simplemente, como cuando uno era chico.

Otras veces me ha pasado de leer en un libro, una frase que retrata exactamente lo que estoy viviendo, o me trae un estado de espíritu que me hace bien, me alinea con el presente, me simplifica, me trae paz y consuelo. Otras veces, lo que leo me cose con el pasado positivo, me une con acontecimientos y personas, estados de ánimo, me refresca y me renueva. Uno va construyendo su propia casa.

Sea pintando o dibujando, escribiendo y leyendo, yendo y viniendo, como abejas u hormigas, construimos nuestra casa, nuestro tiempo, todo el tiempo. De a poco, mediante lo que escribes o lees, se va cerrando la brecha que separa el aquí y ahora y lo eterno. El aquí y ahora es lo eterno.

sábado, 2 de novembro de 2013

Cartas

Esta mañana ví un pajarito cantando en la punta del tejado vecino. Veía la pared blanca, agrietada. Un cable bajando por la lateral del edificio. Las tejas. Las canaletas de agua de lluvia. Las flores de jazmín y la planta de acerola sobre la pared que da a este edificio. Las plantas de las casas vecinas. Las nubes en el cielo, la claridad del día que comenzaba. Ahora ya es de noche.

Escucho la televisión en la sala. De tarde ví “Cartas para Julieta”, una película romántica que transcurre en Verona. De mañana caminamos por la playa. El sol, el mar, la arena. Niños, sombrillas. ¿Adónde vamos cuando morimos? Me gusta escribir y recibir cartas. Las cartas de hoy son cortitas. Son muy breves, pero no dejan de ser cartas.

domingo, 27 de outubro de 2013

Continuidade

Todas as pessoas tem algo a dizer. Uma sociedade baseada na separatividade, decide que a fala de alguns vale e a dos outros é irrelevante. Surge assim a odiosa distinção entre o erudito e o popular, entre o intelectual e o ignorante. Em algum momento da sua vida, você poderá recordar as suas origens, pessoas e falas de gente que tinha muito pouco ou nenhum grau de instrução. Essas falas e essa gente deixaram em você marcas que o tempo não apagou.

Nem sempre se fala com palavras, muitas vezes se dizem coisas com a presença, com o olhar, com gestos. E muitas dessas pessoas humildes cujas falas ainda te dizem coisas, pode ser que já não estejam mais, pode ser que tenham ido para outros lugares, ou ainda que tenham morrido. Olhas para os anos passados, a vida toda que te foi dado viver, tanta gente, tantos caminhos, tantas falas, e muitas delas prevalecem, outras são como um eco evanescente, quase apagado.

O tempo guarda todas as memórias. Guarda a lembrança de livros e revistas, jornais, filmes, tudo fica armazenado. E em horas em que a mente vaga aparentemente sem direção, tudo se costura. O tecido da lembrança e o presente se tornam uma coisa só. Nessas horas, percebes a continuidade da vida, e nessas horas, as falas das pessoas que não eram eruditas nem intelectuais, te dizem coisas que guardas na tua lembrança.

Gente que reparava no tempo, nas flores, nos animais, na montanha, no vento, no chão. Gente que não falava de filosofia nem de religião ou sociologia nem de coisas profundas. Gente que vive num dia a dia de que muitas vezes tanto te distancias que é como se para você não existisse. De fato, para você esse dia a dia é inexistente, não diz nada, não é nada.

Contudo, é a vida de muita gente que desconheces ou reconheces, dependendo de por onde andas e o que falas e o que escutas. Não creio que haja coisas mais importantes do que outras, embora o treinamento intelectualista tenha conseguido muitas vezes me convencer do contrário. Hoje, no ponto da estrada em que me encontro, vejo duas vertentes, e ambas se encontram neste lugar. Dois tipos de saberes, e ambos entrelaçados.

Aquelas falas antigas que falam da telenovela e da verdura e do que ocorreu na casa ou no jardim, voltam nesta manhã em que o gotejar da chuva que cai do teto, me lembram de outra continuidade, uma que muitas vezes me faz bem recordar. Um livro lido, uma conversa, tudo pode ser uma chave que reúne coisas que estão juntas na tua experiência.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

El tiempo se detiene

Esto lo sentí esta tarde, mientras iba preparando una sesión de pintura en la sala. El ritual de siempre. La valija de pintura, con los pinceles, lápices. Los vasitos con agua, el trapo para limpeza de las manos. Esto es algo que ocurre en el ambiente y en uno. El tempo se detiene. Esos momentos pasados con los colores, en esos ámbitos en que un jarrón se presenta en un rincón, con hortensias, en un jarro de vidrio verde transparente, nos conectan con tiempos inmemoriales. La infancia, tiempos imposibles de determinar. El pincel va cubriendo la tela, las flores se van delineando, y vas sintiendo presencias queridas muy cerca, en tí. Algo se detiene. El tempo para cuando pintas. Para en el ambiente y para en tí.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Poeticamente

A veces las impresiones se van acumulando, sin que las hayamos registrado en el papel. No por eso, dejas de prestar atención al mundo. Prestando atención a lo único, te unificas, te unes al todo. Esto es lo poético, para mí: unirse al todo al percibir la unicidad, la singularidad, lo individual, lo irrepetible. Hoy veía unos rayos de luz sobre el retrato de Diogo cuando era niño. Lo veía cuando iba llegando al dormitorio. Cuando fui para el lado de la playa, vi los autos estacionados en la vereda de la panadería. La gente yendo a la playa o volviendo. Un grupo de jóvenes llegando, bajo el sol. Los autos dando la vuelta en la esquina con el busto de Tamandaré. Volví a casa después de comprar una botella de jugo de uva en la panadería. Estaba en la caja una chica que me sonrió. Generalmente son sonrientes estas cajeras. Hay gente que hace con gusto lo que hace. Intercambié algunos e-mails con familiares y amigos durante el fin de semana, sobre todo a partir del compartir la foto de un cuadro nuevo. Flores blancas en un florero de vidrio transparente

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Una pintura

Esta mañana pinté otra vez un álamo con un sol de fondo. Una casa del lado derecho, con tejado rojo, una puerta que da para un camino que llega hasta quien mira el cuadro, de un lado, y hasta el sol en el horizonte, por otro. Pero lo lindo de todo esto, no es tanto el resultado, sino el proceso. Ir a buscar la valija con pinceles y ponerla sobre la mesa de la sala. Me sentía como un niño. Poner agua en los vasitos de vidrio donde se limpian los pinceles, traer los trapos para limpiarse las manos. Poner la tela blanca en el pequeno atril que sirve de caballete. Y empezar a esbozar el álamo, el sol, la casa, el camino. La casa otras veces ha tenido unos canteros de flores rojas bajo la ventana, que ahora no están. Al pintar, vienen cuadros anteriores, vienen jornadas en que uno pintó otros cuadros al lado de gente muy querida, en tiempos pasados. Gente que nos incentivó a pintar, alguna exposición, gente alrededor, dejándose tocar por los colores y por las formas, como ahora.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Reunindo

Voltavas do VII Congresso Brasileiro de Terapia Comunitária Integrativa. Carapibus, Conde, Paraíba. Um congresso diferente. Voltavas pleno, saciado interiormente. A tua história no lugar onde estás, o teu ser o ser que é. Tantos rostos, expressões, olhares, conversas, cantos, danças, rodas de terapia comunitária. Vias os corredores do hotel, a piscina, o mar verde, no horizonte. As idas e vindas ao restaurante. Os cômicos. As comidas. As palavras. E esta tentativa de juntar o que foram estes dias. Ainda continuarão voltando. Sabes que continuarão a vir.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Mandalicamente

A veces tengo la sensación de que los humanos somos una especie de realidad translúcida, como una especie de mandala que se junta y se dispersa, que se va formando y desarmando, pero sin nunca perder su propia unidad, su propia identidad. Esta sensación es como la de si fuéramos cubos o formas geométricas, una especie de caleidoscópio ambulante, integrado con todo lo que existe.

domingo, 8 de setembro de 2013

Oración

Muchas veces me gustaría compartir algo sobre Yogananda. Cómo me hizo bien conocer su escrito sobre la Madre Cósmica, el aspecto femenino de Dios, que leí cuando era bastante joven. Ese librito me hizo muy bien, pues me ayudó a ver a Dios como lo veo, como belleza, como amor, un amor que está por todas partes, inclusive en el dolor, en la pérdida, en la muerte. En ese pequeño texto, Yogananda cuenta cómo cuando su madre falleció, pudo verla en el cielo, en las estrellas, por todas partes. Muchas veces siento ese amor envolviendolo todo, el amor de la Divina Madre. Para los hindúes, el amor de la Madre es eterno, la unión con la madre es imperecedera. Hoy leía uno de mis textos sobre terapia comunitária y su efecto desalienante y me emocioné. Sentí cómo uno de hecho se ha puesto al servicio de ese amor sin barreras, un amor que no separa, un amor que une y que engloba todo, el amor de la Divina Madre. Me vino una tranqulidad muy grande, pues me acordé de que mi madre decía que nada se compara a la sensación del deber cumplido. Recordé, mejor dicho, recuerdo ahora, que las oraciones me han hecho bien durante toda mi vida. No solamente oraciones recitadas, sino estados de oración, de contemplación, de unidad, de comunión. Creo que la oración une. Y orar es ser esa unidad, serlo tanto que ya no sabes quién ora, o si tu eres orado por todo lo que existe. Foto: Paramahansa Yogananda

sábado, 24 de agosto de 2013

Conteniendo

Ya ha comenzado el día. Has ido a la playa. Has visto el mar y caminado por la arena. La gente alrededor del busto de Tamandaré. Alguna corrida de motos. Una rama florida, de duraznero o de damasco, de almendro: la ves cuando entras al cuarto de pintura. Algo como un silencio sólido te envuelve, te contiene. Estás donde deberías estar, donde debes estar. Escribes cosas que vas viendo, que vas vivendo. De pronto alguien las lee y trae sus cosas también, se instala el diálogo, tan fecundo. Cuando escribo estoy donde debería estar, soy lo que debo ser. Al escribir, lo que he leído a lo largo de mi vida, lo que he ido aprendiendo en las diversas circunstancias, se compacta, se condensa, se transforma en letras y palabras. Las palabras en párrafos, y estos en capítulos que llevan algún título. Así las hojas se van yendo, se van pero se quedan, revolotean como cuando en verano o en invierno o en primavera o en el tempo que sea, las hojas hacen remolinos y dan vueltas, giran y dan vueltas. No pretendo escribir como alguien que admire, sino de las formas como me va viniendo de escribir. Admiro y admiraré a muchos escritores y escritoras, que sin duda contribuyen para que mi escritura sea de alguna forma una continuidad de la escritura general del mundo y de la vida, la escritura de la humanidad, esa escritura en que todo el mundo escribe y todo el mundo lee. Pero no trato de escribir como esos escritores o escritoras. Trato de escribir como la palabra me va escribiendo, como la palabra va siendo en mí. Y esto es un aprendizaje continuo. De pronto he pensado en pintar esas flores de almendro o de duraznero o de damasco, pero no sé si las pintaré, o si ya están pintadas, en algún lugar. No sé, y al no saber, es como un juego, como cuando uno anda por la vereda y alguien viene en sentido contrario, no sabes si pasarás del lado izquierdo o del lado derecho de la persona. La otra talvez tampoco sepa, y en ese juego, en esa incertidumbre, se repite la incertidumbre general de todas las cosas.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Toda esta vida

Toda esta vida. ¿Quién no soñó con poner en una hoja toda su vida? Todos sus días, todas sus noches. Todos los minutos vividos y soñados. Los caminos recorridos. Los lugares y la gente. Aquellas personas inolvidables que te marcaron. Lo que quisieras que no hubiera ocurrido, y en qué lo transformaste y lo seguís transformando. Los colores, los ríos, las montañas. Las mujeres, los niños, los amigos. Las películas. Los libros. Todo lo vivido en una única página. Todo lo que viste, sentiste, oíste, cantaste. Lo que aprendiste desde que abriste los ojos por primera vez, hasta ahora, hasta mañana, hasta después del instante final. Toda tu vida en una página. En esta página. ¿Qué palabra resumiría toda tu vida? Extraordinario. Fascinante. Maravilloso. Hermoso. Bello. Divino. Humano. Toda tu vida en esta hoja.

sábado, 27 de julho de 2013

Recolhimento

Há alguns dias em que a gente se permite um pouco de recolhimento. Ficar um pouco aquém do que poderia se esperar de um desempenho social. Não que possa haver algo de desagradável no contato ou no convívio com as pessoas. Talvez ao contrário. É que, com o decorrer do tempo, a tua vida foi se integrando com tudo o mais, e, nestas horas, é como se necessitasses um pouco mais de escuta interna. Elaborar um pouco mais o que vida vai te oferecendo. O que tens vivido. O caminhado até aqui. Nós podemos ser observadores de nós mesmos. E esta fugacidade que é o viver, este estar a toda hora como que numa corda bamba, nessa incerteza acerca de tudo ou quase tudo, como que beirando a eternidade, de repente te traz um pouco mais para cá, para uma quietude envolvente, que abrange e compreende tudo que há, dentro e fora de ti.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Lições das águas

Essa manhã fora, como tantas outras vezes, ao auditório das Livrarias Paulinas. A cidade sob um céu cinza que, na hora da saída, transformou-se em um chovisco fino quase chuva. Andara no meio dos livros, olhando, refletindo, deixando a mente vagar. Imitação de Cristo, Assim falou Zarathustra, Padre Pio, Dom Helder Câmara. E nós aqui, nesta caminhada de formigas, como dizia Dom Fragoso. Trabalhos miúdos, quase imperceptíveis. A praça com o mandacaru. As palmeiras, a estátua. Os prédios oficiais em volta. As pessoas perambulando. O pedinte na porta da livraria. As lembranças. Tudo tinha um sabor de passado essa manhã. Depois o dia prosseguia. “Libertar a linguagem,” lera no livro de Júlio Cortázar a noite anterior. Libertar a linguagem. Deixar que a palavra se faça verbo. Tornar-se verbo, como dizia o Pe. José Comblin. Essa manhã, a lembrança do velho amigo veio mais forte. Onde andaria, onde vamos quando morremos? Ninguém sabe. Ninguém veio para contar. Lembrara de tantas belas palavras lidas em tantos livros. Formando como um quebra-cabeças infinito. E tú no meio, vais te montando e desmontando, no ritmo da vida. Viver para amar uma mulher. Viver no amor de uma mulher. Pode haver coisa mais bela? Tudo é tão frágil. Te deixas levar, como água que flui pela terra, no entanto, também tens que tentar dar um rumo aqui e ali. Não é só se deixar levar. Está também a tua vontade. Te deixas levar e remas. Remas e te deixas levar. Lições das águas.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Jornada

Essa tarde, estivera no Hospital Santa Izabel. Vira as escadarias de tempo, o prédio manchado pela chuva. As estátuas religiosas no topo dos tetos. As árvores de flores amarelas nos jardins. Lembranças de outras visitas e reuniões. Vira descer do primeiro andar, uma antiga colega da saúde, bela como sempre. Detiveram-se ambos a se cumprimentar. Os belos olhos da moça, agora mãe. Desfrutara da contemplação desse lindo rosto que sorria, feliz, contando da sua maternidade. Vira, mais tarde, uma estátua de Jesus na capela do hospital. As pessoas esperando na sala de espera, que é o que se espera que as pessoas façam na sala de espera. Vira o pessoal da higienização limpando os pisos. Lembrara de outra visita a um outro hospital, essa manhã, dessa vez, no bairro de Valentina. Uma odisseia para chegar lá. Mas chegaram, encontraram a médica. Tranquilidade. Cumprindo missões. Cuidar da saúde. Sara Senhor onde dói, sara Senhor bem aqui, sara Senhor onde eu não posso ir. Lembrara do Conjunto dos Ambulantes, em Mangabeira. As primeiras reuniões da Terapia Comunitária Integrativa em João Pessoa. O florescer, o renascer coletivo na associação de moradores. E um renascer que prossegue, que continua se processando, que a vida é um ir para adiante. Flores, árvores, céu, mulheres, beleza, esperança, vida, paz.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Caminando

Para llegar a lo más lejano, tenía que venir plenamente a lo que está aquí. Esto lo comprendí esta mañana. Esta tarde, me vino de buscar dentro de mí, un rayo de luz. Lo encontré, me alegré. No es necesario que estés en una oscuridad total. Basta un pequeño oscurecimiento, alguna obscuridad pasajera, un desánimo. Dentro tuyo está esa luz que no se apaga nunca. Eso que llamas de Dios. Basta un pequeno esfuerzo de tu parte, y allí está. Ela te alumbra, te ilumina, te muestra lo que es verdad, te acompaña y te consuela. Yo no te estoy hablando de cosas que no conozcas, claro que sabes todo ésto. Siempre lo sabemos, pero también nos olvidamos, y alguien nos lo recuerda. Ahora me toca a mí recordártelo, pues lo recordé esta tarde. Pero otras personas ya me lo han recordado a mí mismo muchas veces antes, a lo largo del camino que me trajo hasta aqui, donde estoy ahora. La vida es muy singular, es un mostarse y esconderse. La sabiduría popular lo dice directamente: No hay mal que por bien no venga. Todos sabemos cuánto hemos aprendido con las dificultades que hemos ido encontrando en las distintas situaciones de la vida. Esta mañana temprano leía en las páginas de un libro muy antiguo, sobre la sabiduría, un don que Dios nos ha dado para que nos guíe. Podemos usarlo, debemos usarlo para permanecer en el camino del bien. Quien sabe no siempre podamos permanecer en el buen camino. Podemos equivocarnos y caer, lastimarnos o lastimar a alguien por ignorancia. Entonces podemos tomar distancia, reflexionar, mirar mejor, poner las cosas en su contexto, para tratar de comprender y actuar rectamente. Yo no te digo estas cosas como quien quere presentarse ante los demás como un sabio o cosa que se le parezca. Apenas trato de dejar que estas cosas salgan a la luz, para que el camino se nos vaya allanando a todos y a todas.

sábado, 25 de maio de 2013

Utilidad de lo inútil

Una de las cosas que más me agrada de la literatura, es su inutilidad. Obviamente, me estoy refiriendo a las novelas, los poemas, cuentos, relatos. Cuando digo esto, sé lo que estoy diciendo y por qué lo estoy diciendo. No estoy de ninguna manera queriendo menospreciar una de las cosas que más amo, sino más bien al contrario, valorizarla por lo que tiene de no-valioso, en el sentido literal de inútil, sin precio, no comercializable. Escribo para mí mismo, y en esto creo que me encuentro en pie de igualdad con todos los escritores y escritoras. Y aquí hay que agregar, para ser justo, a todas las personas que escriben. Uno escribe y lee para sumergirse en un mundo a salvo de lo comercial, de lo que puede venderse, de lo ideológico, de lo político en el sentido de la manipulación, de lo religioso en el sentido de la alienación. Escribir es abrir un espacio al margen de todas las influencias externas, y crear así, al mismo tiempo y por ese mismo acto, un lugar para cualquier persona. Por eso un poema nos acoge, nos recibe sin restricciones. No solamente porque habla de cosas bellas, imperecederas, sino también porque su autora o su autor, se pusieron en cada palabra, en cada imagen, en el sentimiento que los llevó a dejarse enteros o enteras en esas palabras que nos tocan. Y esto vale también para un romance, una novela, un cuento. ¿Quién no guarda con ternura, por ejemplo, el recuerdo vivo de esas primeras lecturas, las que nuestra madre probablemente nos leía? Imágenes y sentimientos que permanecen en lo más íntimo de nuestro ser. En algún momento de nuestra vida, esas imágenes y sentimeintos vuelven, talvez ya sin las palabras, pero queda la emoción, queda el clima. Muchos años han pasado, pero sin embargo nuestro ser continúa volviendo a esos recuerdos primeros, a esa fuente primordial que quedó intacta. Podemos todavía volver a sumergirnos en esos territorios de lo inútil, de lo que existe solamente en función del disfrute y del placer, de la gratuidad. Foto: livro de Consctancio C. Vigil

domingo, 19 de maio de 2013

Sobre la crítica

“Siempre fue más fácil criticar”, escribió certa vez Graciliano Ramos, en Linhas tortas. De la reacción automática. Evitar la acción mecánica. Estas cosas se movían en su mente. Decidió tratar de dejar que viniera a flote lo que las unía. Siempre fue más fácil criticar. Evitar la reacción imediata, sin reflexión. Evitar la acción mecánica. ¿Qué es lo que estas cosas tienen en común? Tratar de responder de inmediato, sería como empezar a alejarse de lo que estas cuestiones nos tratan de mostrar. Puedo tratar de ir viendo lo que se presenta, dejándolo venir.

Estos días pasados, varias veces he pensado en lo que la Terapia Comunitaria Integrativa frecuentemente nos presenta como alternativas de comportamento. La TCI no es un sistema de reprogramación de la persona, al menos aparentemente. No se presenta, de imediato, como un sistema de recetas comportamentales que deberían seguirse. Sin embargo, con el pasar de los años y en la sucesión de experiencias con la TCI, lo que he venido experimentando, es que en este contexto, repetidas veces, se presentan alternativas de comportamento que rompen un automatismo, una reacción mecánica.

Un ejemplo vendía bien para que se pueda ver com más claridad. No me gusta una pesona, o pienso que no me gusta. Entonces cada vez que la veo o pienso en ella, me siento mal. Paso a evitarla. Pienso mal de ella. Pero no sé por qué no me gusta, ni por qué la rechazo. Simplemente la rechazo y me siento mal con ella, no la quiero. ¿Pero será que no la quiero? La duda se instala. Esta perona al menos aparentemente, no me ha hecho mal. Al contrario, ha tenido y tiene buenas actitudes a mi respecto.

“Cuando la reacción es desproporcionada al hecho, no estamos reaccionando al hecho, sino a lo que el hecho nos remite”, es una de las frases que frecuentemente escuchamos en la TCI. Rechazo a alguien y no sé por qué. No sé qué hacer con este mi rechazo, que me hace mal. Puedo desenganchar la reacción automática, si miro hacia otro lugar. Si miro las cosas buenas que esta pesona hace a mi respecto. Las actitudes positivas que tiene y tuvo en el pasado. Algo se puede ir soltando dentro de mí. Puedo ir saliendo del automatismo. Un espacio se abre dentro de mí, cuando no sé, cuando no puedo simplemente actuar reactivamente, rechazando, criticando. Puedo respirar mejor, soltarme de la amargura del rencor y del prejuicio, que me separan de una persona sin saber por qué.

Hay una parte nuestra que es el yo niño, la consciencia de niño o de niña que todos tenemos. Esa parte nuestra sabe, sin dudas. Sabe y confía. En la TCI somos llevados a escuchar y obedecer a esa consciencia interior de niños, de niñas. A esa parte nuestra que sabe, que confia. Que sabe lo que es bueno, lo que es verdad. Puedo ser más libre si atiendo y escucho, si obedezco esta parte mía que conoce más allá del prejuicio, más allá de la reacción imediata, mas allá del automatismo.

sábado, 18 de maio de 2013

Nunca más

Hay cosas que nunca deberían haber ocurrido, y hay personas que nunca deberían haber existido. Pero esas cosas y essas personas existieron, ocurrieron esos hechos que la consciencia humana repudiará mientras exista una persona honesta y decente en el mundo. No hay argumentos que puedan justificar lo injustificable. Lo ocurrido en la Argentina desde el 24 de marzo de 1976, pertenece al terreno de lo infame, de la abominación. Hay cosas que deberían ser olvidadas, si el olvido no se pareciera a una especie de perdón. No hay perdón para la abominación. La abominación es abominable, tan simple como ésto. Pero dichas estas cosas, es necesario trabajar para que nunca más pueda ocurrir nada parecido. Y es aquí donde me pregunto, con la humildad que debe impregnarnos cuando nos enfrentamos al misterio de la vida, es aquí donde me pregunto, digo, si como argentinos y argentinas, como seres humanos, estamos de hecho haciendo algo para evitar que se pueda repetir una tragedia como la desatada por la furia apátrida y mercenaria de 1976. Porque no basta condenar al asesino y a sus financiadores. No basta condenar las ideologías del odio, el desprecio a la vida que impregnó la operación amoral perpetrada por el ejército, la iglesia y el empresariado, con la complicidad de tantos intelectuales y periodistas, y, por qué no decirlo, de tanta gente común, dueñas de casa, que decían “por algo será”, cuando se sabía de alguien que había sido golpeado por los mercenarios uniformados. No basta la condena, que es sin embargo necesaria e imprescindible. No basta, no. Es necesario un enérgico progreso en el sentido del bien, como dice el I Ching, el libro de las mutaciones. No es posible un compromiso con el mal. Y cuando el miedo lleva a callar, cuando el miedo se disfraza de ocultamiento de la verdad, se pueden estar creando las condiciones para una repetición de 1976. Sólo la verdad nos puede libertar. Y esto no es sólo la repetición de un enunciado que de tan repetido puede ya no estar significando más nada. La verdad es que solamente la verdad libera, porque la verdad es el contacto con la realidad. Y cuando yo leo los diarios de oposición en Argentina, y cuando yo escucho el discurso oficial en la Argentina, tengo la impresión de que la verdad está tan lejos de uno como de otro lugar. ¿Y donde está, o donde podría llegar a estar la verdad? ¿De qué verdad estamos hablando, para empezar? De lo que ocurre, de lo que está pasando. Lo que acaba de morir, es algo que simplemente se negaba sistemáticamente a la verdad. Era la pura negación de la verdad, la mentira como práctica gubernamental cotidiana. ¿Y será que esto está ausente de la Argentina de hoy? Me van a llover pedradas de todos lados, pues hasta la oposición es oficialista en la Argentina. No se atreven a mirar la realidad, más allá de la denuncia, necesaria, cuando es honesta, hay que decirlo. Pero la denuncia no basta, como la condena no basta. No puedo imaginarme una Argentina al gusto del diario La Nación, por ejemplo. Pero me aterra la Argentina del partido gobernante, que sólo se escucha a sí mismo. Entre os que sólo ven el mal, y los que sólo ven el bien que les conviene mostrar, la verdad queda muy lejos. La verdad se quedó afuera. Y como uno de los tantos argentinos que se tuvo que ir del país cuando lo que acaba de morir se adueñó de nuestra patria, me pregunto, con el derecho que me asiste como asiste a toda persona que se quiera en busca de la verdad, me pregunto, digo, si hoy no se cultiva el mismo culto a la mentira, tanto desde la oposición a rajatablas, que sólo ve el mal como desde ese gobierno que se cree más allá de toda crítica constructiva.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Pintando

Hoje à tarde, fiz um pequeno quadrinho a cores. Um sol enorme em um céu azul, sobre um campo verde e laranja, com um álamo do lado direito, uma casa no fundo, e um caminho ao sol. Brinquei com cores, seria a forma mais certa de dizer, porque não estive a procurar alguma perfeição inatingível nem nas formas, nem na resolução dos pontos de encontro entre as cores nem, menos ainda, me preocupei com o fato de já ter pintado este mesmo motivo incontáveis vezes. Seja a óleo, ou a lápis, ou ainda com outros materiais. Este brincar me fez bem. Ganhei energia. Recuperei um estado de ânimo que estava precisando melhorar. Afora o fato de que, ao pintar, ao ver as cores se espalhando pelo papel, vieram lembranças felizes, muito felizes, de infância e adolescência, juventude. Uma minha professora que quando eu lhe perguntava alguma coisa, alguma dúvida sobre o pintar ou o desenhar, dizia: experimente. Pois experimento. A minha mãe, meu pai, meus irmãos pintando ou desenhando. Boas companhias, sem dúvida. Tempos da faculdade. Desenhos coloridos presentados às moças de quem eu gostava, que foram muitas e muito belas. Muito queridas naqueles tempos, luzes na escuridão. As cores e elas. As cores sempre me iluminaram e continuam a me iluminar por dentro e por fora. Me guiam nos meus caminhos pela minha alma e pela cidade, pelos lugares por onde vou.

sábado, 11 de maio de 2013

Presencia

De pronto uno quisiera decir alguna cosa, escribir alguna cosa que pudiera estabelecer un contacto con alguien que está ahí, que podría llegar a estar allí. No para decir algo determinado, sino simplemente para estabelecer un contacto. Quién sabe solamente para contar de cosas que pasan por aqui, y querer saber de cosas que puedan llegar a estar pasando por allí. De pronto has pasado toda tu vida tratando de llegar, como dice Julio Cortázar en “Después hay que llegar” (1977). Has tratado de llegar y sigues tratando de llegar. Llegar no sabes bien adónde, pero llegar. Vas por la playa con tu amada y andas sintiendo la arena caliente bajo los pies. Ves a la gente nadando o simplemente estando allí. Ha pasado ya tanta vida. Has vivido ya tantas cosas, tantos días. Todo está muy vivo en tu memoria. Y ahora vos, ahora vos aqui. Ahora vos, todavía vivo, aún vivo. Siempre vivendo. Siempre intentando un contacto con lo que está allí. Julio Cortázar se transformó para tí como que en una bandera. Una bandera de tí mismo. No una bandera de un partido, de una ideología, de una iglesia, de un grupo de salvadores de la patria. No hay salvadores de la patria. La patria sos vos, como dice Hermann Hesse: “La patria no es allá ni acá, es adonde estás, o en ningún lugar.” Sólo te queda estar presente a tí, como has estado, como decía Gita Lazarte, tu madre. ¡Qué sabiduría, la de la madre! Vive presente a tí, como has vivido.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Las pequeñas cosas

Puede haber un silencio. También puede haber un silencio. Las pequenas cosas. Estas frases sonaban en su mente. Había pasado la mañana en pequenas cosas. El ritual de los jueves. Pasar a buscar a los dos compañeros del grupo de Teología de la Liberación. Un ritual de ya tantos años. Tomar por las avenidas rumbo a la universidad. Las acacias. El olor a lluvia cuando había llovido. Aquellos árboles inmensos. Puede haber un silencio, escuchaba en su corazón. Algunas presencias queridas de seres que lo habitaban, se hacían presentes. Esperara a su esposa en la puerta del banco. El kiosko. Las revistas de literatura. Una profesora te saluda. Un profesor pasa y conversan sobre el tiempo ido y el tiempo presente. Otra profesora pasa y conversan algunas cosas. La gente en el banco. La farmacia. El sebo. Un libro de Graciliano Ramos. El correo. Tanto tiempo pasado aquí, pensó. La vida compactada en este instante, en el presente. El presente es toda mi vida, pensó. Todo mi pasado está aqui. Yo soy todo este instante, todo este mundo, toda esta vida que está aqui.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Quadros

Nestes últimos tempos, várias vezes tenho pensado em pintar algumas flores. Mas chego perto de onde estão meus utensílios de pintura, as cores e pincéis, os lápis e as telas, os blocos de papel, e fico ali. Pensando nas flores que estão em algum lugar, esperando para serem pintadas. Será que algum dia irão vir para as minhas telas, que aguardam na prateleira, ou para alguma folha de papel, dessas que se usam para aquarela?

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Tiempo

Un día de lluvia. Llueve en la ciudad y las calles. Ves las veredas mojadas y la gente tratando de evitar el agua que cae. El asfalto mojado, los árboles brillando, lustrosas sus hojas. Recuerdas los caminos recorridos esta mañana. El levantarte, pues los caminos comienzan aún antes de que uno salga de la cama. Caminos internos. Las primeras voces internas. Los recuerdos del día de ayer. La revista leída, sobre la poesía y los afectos. La ida al restaurante al final de la playa. La noche, las luces de ayer. Ayer y hoy en un día de lluvia se mezclan, como el cielo y el mar muchas veces a la noche también, que no sabes donde termina uno y donde comienza el otro. De a poco las fronteras se van borrando y el pasado de presenta como presente, o ves el presente y el pasado unificados, uno continuando el otro, sin rupturas, sin cortes, sin ese escalón que de pronto podría haber entre uno y otro. Todo es esto y esto es todo. Llueve en la ciudad y los recuerdos.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Juntando

El proceso de construcción de un libro es tan o más fascinante que el de escribir los textos que lo irán a componer. Cuando vas pensando en el nuevo libro, vienen todo tipo de imágenes. Libros a los cuales te gustaría que el tuyo se pareciera. Libros a los cuales sin duda se parece. Y el processo de visitar los textos que supones podrían llegar a formar parte del nuevo libro, te depara sorpresas muy agradables, muchas veces. Verdaderas revelaciones. Cosas que te traen ecos de tí mismo. Ecos de tanta gente, de tantos lugares, de tantas cosas que pensaste, que sentiste, que hiciste. De pronto escribir un libro, escribir, es como irse juntando. Es como irse recogiendo de millares de situaciones tan diferentes, que se habrían perdido o dispersado si no las hubieras anotado, si no hubieras al menos registrado algunas líneas, algunas palabras.

domingo, 14 de abril de 2013

Vida literaria

De tanto irse al mundo literario, de tanto evadirse hacia esas regiones crepusculares en las cuales encontraba refugio para sus sentidos ávidos de las sensaciones que solamente pueden obtenerse en esos mundos fantásticos pero reales, empezó a ver que se había procesado en su vida el movimento contrario, o sea, que en verdad estaba ya vivendo en el mundo literario, o, mejor dicho, en los mundos literarios a los cuales se había ido acostumbrando a lo largo de toda su vida. Este descubrimiento lo alegró, pues sabía que nunca más estaría preso en las cárceles de ese cotidiano desencantado, de esos mundos fríos y huecos a los cuales nunca podría habituarse. Toda su vida era, es, vida literaria. La casa donde vivía, estaba hecha de cuartos de ficción, retirados o más bien transportados desde los cuentos de los cuales fuera habitante. Ahora el acá y el allá eran un solo y único mundo. Los pasillos del lugar donde vivía, estaban impregnados de las imágenes fantásticas que poblaban sus sueños. Nunca más aquella aridez dolorosa e hiriente de los llamados mundos objetivos. El balcón era el de un poema muy querido, tantas veces escuchado en la voz querida de su madre, de sus abuelas, de su padre tan querido. Las ventanas estaban adornadas de flores que también le llegaran de poemas oriundos de lecturas que hiciera hacía ya muchísimo tiempo, en la casa de sus queridos hermanos. La mesa de la sala, era una transposición de mesas que conociera en las casas de sus abuelos y de sus tíos queridos. En la sala, cristaleras que evocaban aquella mágica casa misteriosa de San Genaro. La casa de la calle San Lorenzo, plena de tesoros y encantos. El patio, eran todos los patios. Los de su infância, otros que conociera en sus numerosísimos viajes por los interiores de tantos lugares. Las paredes, tenían resonancias de las primeras que viera en su vida, paredes de barro, cubiertas por cal. Los jardines, eran transpuestos de todos los que viera a lo largo de su vida. Los libros, entonces, los libros eran casi su propia vida encuadernada. Cada libro era un mundo, es un mundo, son muchos mundos, son todos los lugares a los cuales llegara en sus infinitas incursiones por los mundos de la liteartura, la poesia, la mística, la religión, la ciencia.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Escribiendo

Esa noche, me pondría a escribir por el mero placer de ver las letras llegando a la hoja. Formando palabras, frases, dichos. Dichosos los que pueden, una noche como esta, simplemente dedicarse a hacer lo que se les da la gana. Mientras el sonido de las olas del mar, mientras los grillos. Y el cielo oscuro con las estrelas brillando, cintilando. Qué lindo que es el brillo de las estrellas. Qué lindo es poder ponerse, una noche como esta, a escribir por el mero placer de escribir. Cuántas veces he venido a las Ocas do Indio a hacer algo, interna o externamente. Hoy se me ocurrió, en un momento del día, que también podría disfrutar del estar aquí, escuchando los grillos y el viento. Puedo estar en mí, ser yo, ser feliz. Ser feliz es estar en mí mismo, es ser yo.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Aquarelando

Hoje de manhã, estive pintando com umas aquarelas. Como tem sido bastante frequente nas minhas jornadas com as cores, não tinha um plano em mente. Veio um sol, umas nuvens, o mar. E depois, um jarro com flores. Mas não umas flores planejadas, pensadas, projetadas. Umas flores que vieram ali, como chuviscos de cores. Vermelho, amarelo, laranja. As cores cobriam também o fundo, pinceladas azuis e verdes criando uma sensação de movimento. Em baixo, uma superfície verde. O jarro, um jarro de cor amarronzada, bege ou alaranjada, como de cristal. Ao ir espalhando as cores pelo papel, vira uns contrastes belíssimos. As cores que se espalhavam, deixavam traços como de tornassol. Um efeito lindo!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Sentido

¿Qué harías? ¿Qué podrías llegar a hacer? Lo que estás haciendo. Miras la página y ves las palabras que se empiezan a formar. Te olvidas del mundo. Es como si por este acto tan simple, fueras ocupando tu lugar. Este es tu lugar, este es el lugar que has venido a ocupar. Eres un personaje literario, un personaje de ficción, una creación poética, autopoiética. No importa demasiado (e importa mucho) si publicas esto o no, si otras personas lo leen o no. Importa, y mucho, pero lo que más importa es que a través de este simple acto, de este simple juego de ir apretando teclas e imprimiendo palabras en la hoja, te vas imprimiendo a vos mismo, te vas poniendo en tu lugar. Te alivias del peso del mundo. Te olvidas de que existe el mundo. Este es el mundo que existe, el que creas con tus manos. Como el pintor que crea sus figuras e imágenes, derramando colores en la tela o en una hoja. Cuando vas pasando al lado de acá, cuando vas atravesando la frontera para ir a tu verdadeiro lugar, al mundo al que perteneces, al mundo que te pertenece y donde eres de verdad y de hecho la persona que sos, el ser que sos, cuando esto va ocurriendo y ocurre, vas siendo vos otra vez. Dejas los papeles sociales para atrás, los debería, y los debiera. Aquí no debés nada, no tenés obligaciones. Este es un acto gratuito. Como el pájaro que canta en la mañana. Desde hace ya mucho tiempo, has venido dándote cuenta de esto. Has venido creando tu mundo y viniendo a él, viviendo en él aún de día, aún en medio de las relaciones sociales habituales, aún en medio de los debiera, de los debería. Hoy por ejemplo, o ayer, mejor dicho, escuchabas dramas familiares, que no te conciernen en absoluto. Peleas, celos, disputas imbéciles por dinero o por bienes materiales, envidia. Ese no es tu mundo. No tenés nada que ver con eso, a no ser por el reverso. Lo tuyo es lo humano auténtico, la gente que se supera, las personas que son capaces de sacarse toda la porquería de encima, y salir a flote. La gente que rompe con las prisiones del miedo y del prejuico. Esa es tu gente. Y esa gente es la gente que anda por ahí, y que hace que la vida valga la pena de ser vivida. No es la gente que se cree única en el mundo, los imbéciles que creen que el mundo son mercaderías que se pueden comprar en una tienda. Lo tuyo es la verdad, la belleza, el amor. La búsqueda del ser auténtico, como decía Gita Lazarte, como enseña José Comblin, como trata de ser la gente que se busca a sí misma, que no se satisface con la mediocridad alienante y alienadora. Entonces si a esta hora de la mañana, cuando aún es de noche y el mundo duerme, si a esta hora del día o del tiempo, a esta hora de tu vida o de la vida, sigues escribiendo, es que esto tiene sentido. Como tiene sentido pintar o cantar o ser feliz o reír o llorar o soñar o poner granitos de arena para que el mundo sea mejor. Pero algo que te ha quedado claro, es que el sentido no está ahí, el sentido se lo ponés vos. El sentido es lo que para vos tiene sentido. Si tiene sentido escribir y compartir lo que escribes, esto te hace feliz. Una felicidad callada, discreta, si se quiere. No porque creas que escribes cosas geniales que a nadie se le habrían podido ocurrir sino sólo a vos. No, al contrario. Es que dejas que venga la palabra. Dejas que el mundo escriba en vos y por vos, con vos, como va escribiendo con cada persona que está viva. Así también, cuando pintas, dejas muchas veces que el color y la forma vayan jugando, vayan viniendo al papel o a la tela. Entones tiene sentido. Sentido es lo que se siente, lo que uno siente. Respiras, oyes, amas, sufres, sueñas, tienes esperanzas, sumas esfuerzos, pones límites, peleas, y esto es el fluir de la vida. Esto es o puede ser sentido, si para vos tiene sentido.

domingo, 24 de março de 2013

Todavía, la vida.

Todavía, a vida. Sempre, a vida. Somente a vida. Unicamente a vida. Somente vida, vida e nada mais.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Dibujando con palabras

A veces uno no tiene nada que hacer, y se pone a escribir. Talvez por el simple placer de ver las letras formando palabras. Es tan lindo ver una palabra. La palabra hoja, por ejemplo. Hace un rato, la escribí en una hoja, y la ví, y me alegré al verla. Hoja. Era una hoja escrita en una hoja. La palabra hoja escrita en una hoja de dibujo. Había estado escribiendo en hojas de dibujo, como he hecho otras veces. Y ahora miraba la palabra hoja en la hoja, y me alegraba. Veía su belleza. Una hoja en la hoja. Pensaba si volvería a pintar o a dibujar. Hice un ramo de flores, unas flores en una rama. De forma diferente de como acostumbraba dibujar en el pasado. Me acordé de todos los dibujos y cuadros que hice en mi vida. Me estoy acordando ahora. Es una vorágine. Hojas, hojas de otoño, ramos de flores, flores en ramas. Árboles, ríos, mujeres, rostros, palabras, templos, fuegos, mundos, mares, barcos.

terça-feira, 5 de março de 2013

Fiesta

Ontem à noite assisti ao espetáculo da Fiesta de la Vendimia, no anfiteatro grego Frank Romero Day. Fomos caminhando até lá, atravessando o parque San Martín. Um motorista que ia na mesma direção nos ofereceu carona. Havia bastante gente. As montanhas em volta iluminadas. Os Enantos Verdes tocando e cantando. Alegria. Depois, veio Fito Páez, o músico e cantante rosarino. Mais alegria. Foi recebido com ovações pelo público. Ondas de gente levantando os braços nas arquibancadas. Uma das canções, cuja letra aparecia em um telão na frente da gente, falava no amor como a essência da alma. O amor costurando todo. Continuava montando o quebra-cabeças. Um intervalo, e em seguida o espetáculo de danças da terra. Tonadas e sambas. Maravilhoso. As dançarinas girando em pares. Cores combinadas. Belíssimo. No alto, as estrelas, cintilando, belas. Comemos sanduiches. Carinho. Amizade. Comunidade. No final, a chave de ouro: Charly García. Uma bailarina e cantante alegrava a vista na distância. Parecia um bonequinho girando. Um sonho. Fiesta en Mendoza.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Centramento

Ontem de noite, no fim de um dia agitado, vi umas palavras ordenadas em uma prateleira. Vejo elas agora, na lembrança. Palavras ordenadas umas ao lado das outras. As letras eram objetos físicos. Eu as via como coisas, como objetos materiais. No momento em que eu vi estas letras e palavras, vi uma palavra, e a senti: ordem. As palavras ordenam, as palavras constroem o mundo interior, o constituem e o vão moldando. Agora que escrevo isto, me vem uma sensação de paz e quietude, aquietamento. Às vezes perco a serenidade, por não estar olhando para dentro. O tempo atual é demasiadamente voltado para fora. Há que olhar para foram sem dúvida, mas o ser vem de dentro. Vem de dentro, vai para fora e volta para dentro, é um vai-vem. Ontem à noite, ou hoje de manhã, não lembro bem escrevi algumas palavras no caderno. Elas diziam respeito exatamente a isto, como as palavras nos descolam de uma realidade externa que muitas vezes nos des-centra. Podemos fazer o caminho inverso: olhar para dentro, para o ponto central dentro de cada um, de cada uma de nós, e ali encontrar o eixo fugidio da vida.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Direção

Solo le pido a Dios Que la reseca muerte no me encuentre Vacío y solo, sin haber hecho Lo suficiente. León Gieco Quando penso que tenho algum problema, lembro: estou vivo. Nenhuma vida humana é um mar de rosas. Todos nós temos dificuldades, desafios. A vida é uma construção contínua, um contínuo tentar abrir espaços para respirar melhor, para ser mais, para se expandir, ser feliz, crescer. Grandes dores e perdas geraram uma vontade redobrada de insistir no bem, uma fe reforçada, um querer alcançar as próprias metas, um querer prosseguir no esforço por se unificar com a totalidade da vida.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Yendo y viniendo

A veces me pierdo un poco cuando voy demasiado a cosas lejanas, distantes, demasiado grandes o importantes, fuera de mi mundo y de mi alcance. Me pierdo pero vuelvo, tomo el caminho de regreso. Y entonces estoy otra vez en lo mío, en lo pequeño e imperceptible, en las cosas de todos los días.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Quando vem as cores

O chamado da cor. Quando as cores chamam, eu atendo. Atender o chamado das cores, é ir para um mundo silencioso, quieto, mas muito vivo. Um mundo de sentimento e memória. Esses dias atrás, tenho me recolhido a esta sensação, que vem quando fico em volta das cores. Dos papéis e pincéis. Das aquarelas e dos vidros com água. Um desses dias, fiquei a olhar os lápis de cor. Via o amarelo, o vermelho, o azul, o verde, o laranja. Sentia as cores, mais do que apenas as via. Esta sensação me dava uma paz muito grande. Botei um pouco de água em uma das folhas de papel, e vi a água sendo absorvida. Passei um verde e fui desenhando alguns traços, como se fosse uma pradaria, ou um mar. Acabou sendo um mar. Mas não me importava muito o que era, ou o que seria, e sim, o que estava sendo, e o que eu ia sentindo, ao ver o verde se espalhar, cobrir a folha, ocupar espaço. Depois pintei umas nuvens no céu, um azul celeste claro que ia se misturando com a água. Foi como se estivesse vendo todas as nuvens que vi na minha vida. Todos os céus que já vi na minha vida. O mar ficou encrespado e depois coberto de preto. Risquei a superfície, e apareceram linhas claras, mostrando a cor de baixo. Ficou lindo, em movimento. Não era algo que eu tivesse planejado, projetado. Não sabia o que iria desenhar ou pintar. Foi vindo, e eu curtindo esse vir das cores. Esse meu vir nas cores. Fiz um outro quadrinho, ou fui instrumento da sua feitura. Uma espécie de sol, laranja, vermelho e amarelo, muito tênue. Do mesmo modo. As cores do fundo, foram se misturando com as da base, criando como flores lilases ou roxas. Umas rosas não planejadas, que iam se formando ao sabor do movimento que misturava cores do céu e da terra ou da água. Não sabia o que era, apenas sentia a beleza das florezinhas que iam se formando. Quando vem as cores, um silêncio vem junto, um silêncio que te acolhe.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Realidade

Tem uma frase de Julio Cortázar em A volta ao dia em 80 mundos, que não deixa de vir a mim. É aquela em que o autor diz que a literatura desfaz a falsa objetividade criada pela inteligência raciocinante e pela cotidianidade codificada. Esta observação aparece dentro de um capítulo intitulado “Do sentimento de não estar totalmente.” Muitas vezes tenho meditado sobre isto, e tenho certeza de que continuarei a fazê-lo por muito tempo. Não é uma citação textual, mas é o que o autor me diz. É como se fosse se abrindo uma possibilidade de contato real com o que está aqui, não com o que aprendi a pensar que está aqui. Esse contato é a chave, pode ser a solução. O verdadeiro encontro com a realidade, não com a réplica arquivada na memória.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Mimos do céu

Essa tarde, estivera atrás de uma imagem de mimos do céu. Na verdade fazia mais tempo que queria encontrar essa imagem. Queria trazê-la para uma tela, fazer um quadro que enfeitasse a sala da casa. Mas não sabia ao certo, até hoje, se eram mesmo mimos do céu ou hortênsias. Hoje vira algumas imagens destas flores, que formam como uns ramalhetes tão tênues, que o vento mexe suavemente as pétalas. Fechara os olhos e vira as flores. Vinha uma sensação de muita paz, quietude. Lembrara de outras flores que a sua avô gostava. Vinha essa sensação de tanta tranquilidade. Pegara um pequeno floreiro que fora de Mamina, e ficara a olhá-lo. Contemplava o cristal talhado, os reflexos. Fizera alguns rascunhos. Continuo vendo essas flores agora, azul celeste claro. E é essa mesma sensação de paz, de tranquilidade. Não sei se verdadeiramente virei pintar esse quadro para a sala da casa. Talvez essas flores estejam em algum outro lugar. Mas o que vale é poder estar com essas flores outra vez, que te trazem mais perto, Mamina.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Letras reversas

A veces uno trata de encontrar su lugar en el mundo, un lugar en el mundo, de distintas formas. Lo hace, por ejemplo, entre las letras, escribiendo o leyendo, escribiendo y leyendo. A veces más escribiendo que leyendo, a veces lo contrario, pero lo contrario no es lo que se opone, aunque puedas pensar lo contrario. Lo contrario, en este caso, es decir, más leyendo que escribiendo, es apenas una cuestión de matiz, porque si te fijás bien, leer y escribir son como que los dos lados de un vidrio. Si mirás desde aquí, lees, y si mirás desde allí, escribes. ¿Te das cuenta? Es muy lindo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Vida é amor

Hoje está sendo um dia muito especial. O que um dia pode ter de tão especial? Hoje andava por uma das calçadas do meu bairro, e ficou claro para mim que a vida é amor. Que o amor é tudo na vida, e que tive amor durante toda minha vida, ainda quando pensei que não o tivesse tido. Ele estava ali, o amor estava ali, sempre esteve, e sempre estará, enquanto vida houver. De tarde, em um momento fiquei na sala. O tempo tinha parado. Quase não havia pensamentos. Quietude, paz. O amor é também quietude, justiça, paz. Fiquei apenas ciente de que estava ali, na sala, sentado, quase sem pensamentos. É como se a vida tivesse se recolhido por completo a esse momento. Depois, de noite, saí para caminhar de novo, por outras ruas do bairro. Vi as flores das casas de em frente. Amarelas, vermelhas, lilás. As pessoas no calçadão. Uma criancinha brincando com outra, perto da mureta que fica do lado do mar. Outra vez, pensei no amor, como a totalidade da vida, o que sustenta a vida, o que é a vida, senão amor. Foto: Crisântemos

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Alegria de ser

Há dias em que sentes uma alegria profunda. Não tem alegria maior do que a da gente ser quem a gente é. Vem pensamentos engraçados na tua cabeça e ris, simplesmente ris. Agora que registras isto, a alegria está contigo, mansa, uma quieta companhia. Deve ter sido assim quando eras criança, mas não tentas especular. Apenas ris, interiormente, ou com o corpo todo, ris. Deves ter tirado um peso de cima, ou muitos pesos, todos os pesos. Os pesos das funções, das identificações, das obrigações. Viver não é um fardo, não é uma carga. É um deixar-se ser, um deixar-se estar, um estar aqui, pleno, feliz, como estás. Não necessitas a toda hora estar te obrigando a fazer isto ou aquilo, ou a ir lá ou acolá, ou a estar de um modo ou de outro. Basta estar, basta ser. Já és o que deves ser, estás em paz, feliz.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Contención

Muchas veces, cuando alguna cosa me está enfermando de la cabeza, me voy a la literatura, o a la oración. Son mis refugios preferidos. Hoy a la mañana, bien temprano, cuando todavía no me había levantado, alguna enfermedad mental me empezó a merodear. No demoré, y le apliqué el remedio literario. Desapareció al instante. No es que me ponga a leer algún libro, necesariamente. No siempre se puede, ni siempre es necesario. Lo literario está ahí, al alcance de la mano. Así como la poesía y la oración. En el fondo, me parece que son un único y el mismo mundo. Literario, poético, espiritual. Dejé la mente vagar, pero con rumbo cierto, hacia las páginas de esos libros que ya no son algún libro determinado ni un cierto grupo de libros, sino el libro en sí, el libro de la existencia, el que vengo leyendo desde que me conozco por gente. Ese libro es una página que está ahí, al alcance de la mano, a toda hora. A veces es algún libro que he leído. Lugones, Borges, Cortázar, Lya Luft, Martha Medeiros, Cecília Meirelles, Gita Lazarte. Otras veces es el Martín Fierro, el Evangelio, Bécquer, y entonces veo que es un único libro, un libro que me contiene, que contiene todo lo que existe. La sensación que experimenté hoy de mañana y ahora que escribo estas cosas, es de una paz profunda. Es la propia eternidad.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Juntando hojas

Vas juntando hojas en dirección a un nuevo libro. Esta operación te lleva a recuperar vivencias, lugares, momentos. Como en aquella canción de Los Beatles, que dice: There are places I´ll re-member all my life, though some have changed. All my life I´ll re-member all these places. Remember. Vou juntar sempre esses pedaços. Seguirei juntando até me ter de volta de todo. Até recompor a unidade do meu ser.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Vistas

Tinhas estado novamente em Praia Bela. Bela praia, verdadeiramente. A vista sempre mutante, do rio e do mar, refazendo a paisagem. As dunas. As pegadas das pessoas na areia. Os restaurantes, as palhoças. A vista das mulheres preciosas, andando de um lado para outro. As ondas do mar, desenhando a forma ímpar da água encrespada em movimento. A garçonete que serviu a mesa. O ensopado, o peixe, a cerveja. O céu azul com nuvens. Os morros cobertos de árvores, no fundo da paisagem. A vista dos coqueiros marcados contra o fundo da paisagem, como uma gravura. Te admira a característica de certas vistas de paisagens, sejam rurais ou urbanas. Hoje de manhã, indo e vindo da praia, os paralelepípedos no chão, te chamaram a atenção. Pareciam talhados na pedra. São pedras talhadas, mas pareciam talhadas no espaço, na tua vista, à tua frente. Na vista dos coqueiros na volta de Praia Bela, a mesma impressão: os coqueiros pareciam talhados no espaço, na tua vista.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Possibilidades

Aquela manhã, na sala de espera, vira várias pilhas de revistas. As poltronas. Os quadros. As plantas ornamentais. Pensara: não lembrarei mais disto. Mas lembrava. Folheara uma revista e lera algo sobre a leitura nos tempos digitais. Folheara várias revistas. Ivete Sangalo. A escrita. Leitura. Lembrara do dia de ontem. Eu posso ser. Eu posso ser eu mesmo. Eu posso estar aqui. Estar, ser, fazer. Várias possibilidades, inúmeras possibilidades para o ser humano. O Reino de Deus é isto. A culpa é uma forma de dominação, de exploração da pessoa humana. E se isto fosse tudo, pensou. Por que não pensar que isto é tudo? A minha esposa, a minha família, as redes de que participo. Estes trabalhos de formiga em direção a um mundo melhor que começa em cada um, em cada uma de nós. Eu posso estar aqui, pensava. Eu posso ser que eu sou. Aliás, eu somente posso ser quem eu sou. E eu apenas posso estar aqui. Vira a romãzinha no pé, perto da porta de entrada. O carro lá fora. A rua. O som dos carros passando, distante. Depois, a farmácia. A rosa branca. Estar, ser. Fazer. Possibilidades do ser humano.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Escrevo para

Quando o escrever incomoda? Quando o que escrevo incomoda? Não tenho tentado, ao escrever, atacar ninguém, nem agredir alguma ideologia ou modo de ser ou de pensar. Nem mesmo quando me refiro ao capitalismo como um sistema perverso ou negativo, o faço desde um ponto de vista da luta pela destruição deste sistema daninho. Quando critico o capitalismo ou algum comportamento, não o faço com a finalidade de destruir alguma coisa. Não nego, no entanto, que sonho com ver um dia chegar em que não existam mais fronteiras, controles migratórios, exércitos, violência, guerra. Mas o que quero dizer, o tom geral desta conversa, é que eu escrevo sempre com uma intenção construtiva. Mesmo quando tenho escrito algo em contra de certas formas de pensar ou de agir, ou de alguma instituição, não o faço com uma intenção destrutiva e, sim, por estar empenhado, pessoal e coletivamente, na construção de formas de ser, pensar, sentir e agir baseadas no amor, no mais profundo respeito pela vida. Tudo isto é para dizer que estou tentando passar a limpo este meu oficio de escrever. De tanto escrever, em algum momento a pessoa chega a uma espécie de território indefinível, em que a realidade que escreve e a que vive, estão fundidas, são uma só. Este processo em que me encontro, este instante original, são algo de muito precioso. É como uma reversão do tempo. É como se o seu passado e o seu presente, a sua vida toda, tivessem voltado a ser o que são, o que foram. Tempo unificado. É claro que isto não teria ocorrido, a não ser a través de um diálogo construtivo e criativo com pessoas que me foram lendo, e, que ao me lerem, foram me dando a oportunidade de que eu mesmo fosse me lendo de maneira nova. Assim fui renascendo, fui voltando, como sigo voltando, a ser quem eu sou. Neste diálogo construtivo em que fui e continuo sendo cada vez mais o ser que sou, tiveram e tem um papel fundamental, algumas pessoas. Várias delas, muitas delas, terapeutas comunitários, ou pessoas ligadas a esta área de atuação. Outras, alguns amigos e pessoas da família, que foram vendo que o que vinha, que o que estava vindo, era eu mesmo. Este que agora escreve estas coisas, e que era cada vez mais, outra coisa, não uma coisa adulterada, falseada, falsificada, e sim algo genuíno, algo novo, algo verdadeiro. Por isto, e já vou chegando ao fim destas linhas, digo que escrevo para me ter de volta. Escrevo para ser cada vez mais a pessoa que sou. Devo agradecer e agradeço a todas essas pessoas que me foram ajudando a voltar. Algumas já não se encontram mais no plano físico da existência, mas estão comigo nesta caminhada. A todas e a todos, obrigado. Escrevo para ser, e escrevo para que, em eu sendo cada vez mais quem sou, outros e outras sejam cada vez mais, eles mesmos, elas mesmas.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Pulsando

Essa tarde, andara com uma alegria diferente no peito. Um espaço maior dentro de si. O sentimento alimentado. Conversara com cada um dos seus filhos e filhas. Essas vozes ecoavam dentro de si. Eram como sons musicais. Tons a tocar na sua alma, e a lhe alegrar. As caminhadas da manhã e da noite, o dia como um emaranhado de caminhos e decisões, indecisões, reflexões. Algo dentro de si se abrira, se expandira. Pegara um livro de Paulo Freire na universidade. Fora ao sindicato, receber um celular de presente, ganho por sorteio na confraternização de fim de ano. Olhara aqueles olhos da sua amada, como sois a sorrirem. Tecera mais alguns fios dessa trama que é a vida. Ou fora tecido por eles? Talvez um pouco de cada coisa. Andara pela avenida em frente à igreja de Nossa Senhora de Guadalupe. Agradecera, no meio da caminhada, pela vida. Uma emoção profunda o embargou. Quanta vida passada, e o presente, como uma ponta de uma pirâmide. A reunião de todos os caminhos. Lembrara da vista do mar à noite e pela manhã. Luzes de noite. Sol de manhã. Sol e lua. A vida, um eterno giro. No coração, tantos seres queridos. Escritor, constrói o mundo em que vive. A sua vida é um pulsar para a página e da página para a vida. Vida e página. Vida página. Paginando a vida. Moldamos o nosso existir. Construímos a toda hora o ser que somos, e, também, somos moldados por tudo que acontece ao redor e conosco mesmos. O cajueiro. As acácias. As flores lilases e vermelhas, amarelas, da calçada em frente e de todas as calçadas do bairro. O flamboyant. A escola. As ruas. Os carros. As pessoas. As árvores. Boa noite.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ocaso

A veces no sabes bien qué hacer. Has andado, caminhado por las veredas del barrio. Has hecho algunos trámites y diligencias necesarios. Correo. Banco. Has conversado con un amigo al que admiras. Gente que no desiste, insiste. Insiste en la esperanza, en lo comunitario. Cómo es notable que haya personas de bastante edad, que no desisten de creer en la movilización social. Ayer leía una frase de Dom Helder Câmara, que decía que el secreto de la felicidad en la vejez, es tener una causa por la cual vivir. No sé si es textual la frase, pero el sentido lo es. Yo miraba el rostro de Dom Helder en la foto. Recordaba otras personas de edad que no desistieron de creer, y de trabajar por sus sueños, sueños colectivos y personales, hasta el fin de sus días. Mi madre fue una de ellas. Gente que no se entregó a la vejez como si fuera un tiempo de abandono, de esperar la muerte llegar. Recuerdo a mis abuelitas Oliva y Mamina. Ninguna de las dos se entregó a esa especie de abandono. Siguieron de pie, encendidas, en su propia forma de vivir, hasta el fin. Tejiendo, leyendo, rememorando, cantando, cultivando la amistad, la fe, la oración. Quisiera morirme así. El día ya se ha hecho noche, y recuerdas las plantas que viste. El aroma de los jazmines, de unas flores rojas que viste al caminar por la avenida. Las flores amarillas y naranja del jardín del frente. Las primaveras, o santa-ritas, o bougainville. Las flores blancas que perfuman por todas partes. Las acacias, que penden como farolitos japoneses. El día ha entrado en esa modorra nocturna, cuando las luces de la ciudad tejen hilos de luz en todas las direcciones. Tratas de cerrar el día, pero ¿quién es que puede cerrar un día? El día se cierra por sí mismo, si es que de hecho esto ocurre. Talvez el dia se vaya corriendo atrás de la noche, jugando a las escondidas.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Esta noite

Fora caminhar pela beira mar. Ver gente, a noite. Luzes, carros, pedestres. O mar lá atrás, fundido com o céu. As ondas, os barcos. Uma mulher caminhava na sua frente. Vira a beleza dela. O andar gingado. Fora adiante. As estátuas na pracinha em frente ao centro empresarial Tambaú. As ondas quebrando. A água na calçada. Mais gente, agora vindo desde Manaíra. A agência do Banco do Brasil. A casa do sertão, mais lá em cima. As lojinhas de artesanato. A feirinha. Tecidos. Bolsas. Roupa. O hotel tropical Tambaú. Mais barracas. A igreja de Santo Antônio de Lisboa. Vira os vitrais. Uma figura de santo lembrou-lhe São Francisco de Assis. Sentiu alguma coisa boa. Uma lembrança de pequeno, de jovem. Entrara numa loja, e vira alguns quadros, artesanias. Dias atrás, lendo Gabriel García Márquez, percebera como alguns escritores e algumas escritoras transcrevem a vida de uma maneira mais fiel do que a própria vida. Tivera lembranças muito sutis da infância. Não as lembranças padronizadas. Outras, mais inteiras. O tempo unificado voltara.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A literatura traz a vida para mais perto

Quando leio um relato, uma novela, um conto, posso me ver nas personagens. Posso lembrar de mim mesmo ao ler o que os escritores e as escritoras escreveram. Então posso compreender o sentido do que Julio Cortázar escrevera em A volta ao dia em 80 mundos: que a literatura desfaz a falsa objetividade criada pela inteligência raciocinante, pela codificação cotidianizada e pelos meios de comunicação. Nas personagens de ficção, posso ter vislumbres de mim mesmo. Posso ver recantos de mim mesmo que não me são aparentes até a hora em que me deparo com alguma descrição de algum aspecto de alguma das personagens do relato que estou lendo. Não importa muito (ou nada) que o enredo ou as próprias personagens pareçam (ou de fato estejam) muito distantes dos meus cenários habituais de vida. O que importa é que o escritor ou a escritora, foram capazes de trazer para o papel, alguns fios muito tênues da interioridade ou do comportamento de alguém ficcional, que cria como que um reflexo de mim mesmo. Nesse reflexo me vejo, e vou desfazendo o meu estranhamento. Sei que este caminho de reencontro, ou estes caminhos de reencontro de mim mesmo pela literatura, começaram na minha vida, muito cedo. Lembro dos contos que a minha mãe nos lia, quando éramos crianças. Cartas a gente menuda, de Constancio C. Vigil. La Señora del espino blanco, que era sobre a mãe de Jesus. A arca de Noé. Estes livros me chamavam a atenção por suas imagens. Creio que aos poucos fui encontrando um lugar nos livros, fui percebendo que ali era e sou mais eu. Passaram-se já muitos anos desde esses tempos iniciais das minhas primeiras leituras. Mas ainda hoje, e pela vida afora, fui mantendo e continuo reforçando a minha sensação de que o meu verdadeiro lugar está lá, nas páginas de algum livro. De algum ou de muitos livros, de todos os livros de ficção que li ao longo dos meus dias.