terça-feira, 29 de maio de 2012

Amor

Pensaba que podría llegar a amar. ¿Y cómo sería eso? Tal vez con el tiempo, en vez de amar, en vez del pez vivo en el acuario y la cara del niño, hubiera nada más que el discurso, la copia, el habla vacía. Entonces, pensó, puede haber una posibilidad. Cuando uno es chico, no tiene la menor duda. No sabe, o sabe, y cómo, pero no discursa, no habla sobre eso. Después habla, le da vueltas, busca explicaciones, y la cosa se escapa. Puede hasta uno transformarse en una especie de predicador del amor, y no amar. Porque el amor te diluye en todo lo que existe. El amor borra todas las barreras. Y no quieres morir, pero ese diluirse de barreras en el amor, en el amar, no es morir, es nacer, es ser inmortal, es ser uno con todo lo que existe.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Admiração

Uns dias atrás, não sei quando, talvez hoje mesmo, não sei, tive a certeza de que poderia prestar mais atenção nas coisas. Não lembro agora qual coisa seria, qualquer coisa, as poças d´água no asfalto após a chuva, as nuvens no céu nublado, os prédios em volta, algum livro na estante. O que quer que fosse, tive a certeza de que eu podia prestar mais atenção. E nesse pequeno ato, tudo mudava. Viver continua a ser para mim, uma fonte de contínua e não pequena admiração. O mero fato de estar vivo, andar, respirar, escutar, pensar, sofrer, amar, lutar, construir, cada uma das coisas da vida, é muito. Tudo me surpreende, mas nada tanto como a própria vida. Sei que já não falta muito para que esta viagem maravilhosa finde. Mas nem isto, ou ao contrário, porisso mesmo, pela brevidade, é que se me apresenta como ainda mais prodigiosa a vida.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

No quiero terminar mis días de espaldas a mí mismo.

Eso sería la traición insoportable. La pérdida de mi identidad. La negación de la persona que soy y la persona que fui. Mi historia. Mis caminos, que me trajeron hasta aquí. Yo sé que uno necesita adaptarse y aprender, para vivir en sociedad. Pero las adaptaciones y correcciones no pueden ser al precio de la vida. No puedo transformarme en otra persona que la que soy, para ser aceptado socialmente. Y sin embargo el sistema apuesta a esto. Yo apuesto en lo otro, en traerme de vuelta cada vez que la vida me destruya.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Quando vês o mar, algo em ti se cala

Hoje de manhã viste o horizonte marítimo. Vieras andando pelo caminho de sempre. Pensando que os caminhos por onde andas, não são somente os caminhos por onde andas hoje, agora, neste exato momento. São os caminhos por onde andaste durante toda a tua vida. E isto é dizer muitos caminhos. O sol que te banha, não é somente o sol que te aquece nesta hora exata, mas os sóis que te tocaram durante toda a tua vida. As flores que vês, o ar que respiras, são flores e ares de toda tua vida. Toda a vida está reunida neste aqui e agora.

sábado, 28 de abril de 2012

Interiores

Há lugares que nos levam para um tempo parado, um tempo muito antigo que vivemos na nossa infância ou, talvez, depois. Hoje na casa de Dona Marieta na Cidade Verde, enquanto a minha cunhada punha uns pratos à mesa, fiquei olhando a toalha de mesa de material plástico, florida. Toquei o material, e senti uma sensação familiar, antiga. Via o movimento na cozinha, a luz amarela nas paredes, o silêncio do bairro. Lembrei de lugares de interior onde estivera, em diferentes ocasiões. San Genaro, na província de Santa Fé, na Argentina, onde moravam meus avós paternos. Cajazeiras, Souza, Patos, na Paraíba. Lugares de tempo parado. Lugares por onde você passa pelas calçadas, ou passava, e a sensação é, ou era, de que tinha muito pouça gente pelas ruas. É como se a rua fosse sua. Grilos, pássaros, insetos. À noite, as nuvens de mosquitos em volta das lâmpadas da praça. A água do poço. Os jardins com flores. Hoje tive saudades desses interiores. Lugares onde estive muito pouco tempo, mas pude experimentar sensações muito boas, um silêncio, uma quietude, as pessoas sem pressa, com tempo para conversar, para lhe dar uma informação, para saber se você está bem, se necessita de alguma coisa. Lembro de Sousa, quando fomos fazer uma formação em Terapia Comunitária, no Centro de Formação de Professores, em 2009. Havia uns jardins interiores, com pergolados. As lajotas no piso. Uma outra vez, em Patos, num antigo mosteiro então usado como local para hospedagem, outro evento na área de saúde mental comunitária. Outra vez, jardins internos. Habitações amplas. Silêncio. Uma quietude. Em Cajazeiras, um lago à cuja beira ficamos um tempo, à noite. Tempo parado. Lugares de tempo detido. A gente relembra destes lugares com saudade. Saudade de uma quietude que não se encontra nas grandes cidades.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Inclusão

Hoje de manhã vira o livro aberto. As páginas de um e outro lado, e do lado esquerdo, uma silhueta de homem, descendo para adentro, pelas páginas. Como se um boneco recortado com tesoura, tivesse descido atravessando as páginas. Várias vezes retornara a esta imagem. E a sensação era sempre a mesma. Inclusão. Pertencimento.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Amanhecendo

Caminhava em direção à praia nesta manhã, lembrando das palavras que trocara com a minha companheira na porta de casa. Paciência. Esperar. À minha frente, quase ao chegar à beira-mar, aquela superfície de ondas se mexendo ritmadamente, prateadas, sob a luz do sol. O céu lá muito longe, claro, quase querendo se confundir com a luz prateada do mar ondulante. Na areia, as pegadas dos caminhantes e das caminhantes. Mais cedo, o amanhecer, visto pela janela do quarto. A luz clareando, a escuridão se indo. Os pássaros cantando. Desfrutar da vida como um dom divino. Agora, de volta em casa, escrevendo estas coisas que chegam aos teus olhos.