sábado, 29 de dezembro de 2012

2013

Quando eu era jovem, muito mais jovem do que agora, nem pensava em coisas como a morte. Um jovem não pensa na morte. Mas agora não tenho mais remédio que pensar, embora não goste, embora tente dispensar, não pensar. Nesta altura da vida, nesta altura de mim mesmo, já não posso mais fazer de conta de que nunca morrerei, de que nunca morrerão meus seres mais queridos. No entanto, contudo, porém, todavia, embora tenha aprendido que um dia, sim, um dia todos nós morremos fisicamente, definitivamente, ainda assim, decido que continuarei pelejando para que a eternidade me envolva por completo, ainda no meio da minha caminhada terrestre. Creio que, como seres humanos, podemos adiar ao máximo a morte prematura, a morte prévia, a morte anterior. Aquela que consiste em arriar bandeiras, em desistir, em deixar de se maravilhar com o milagre de estarmos vivos. Tem passado muito tempo desde os dias em que começou a minha vida. Muitos dias, muitos anos, muitas horas, muitos instantes. Mas ainda assim, ainda nesta quase véspera de um novo ano, como todo mundo, continuo apostando que o dia que vem, que o ano que vem, a vida que vem, será melhor, muito melhor. Mais justiça, mais amor, mais paz, mais solidariedade. Mais do que nos faz sermos mais humanos. Não tentaria, nesta altura da minha vida, nesta altura de mim mesmo, dar lições de nada para ninguém. Mas nada irá me tirar o privilégio --espero e decido -- nada irá me privar, repito, do direito de dizer que a vida é e será sempre, muito mais bonita. Não creio que deva, a esta altura da vida, a esta altura de mim mesmo, ter que me arrepender de qualquer coisa. Creio que há algo como uma luz infinita, um sol imenso, a estar muito perto de todos nós. Essa luz, esse sol infinito, está ao alcance de cada um de nós, de cada uma. Basta querer, basta se empenhar, e tenho a certeza de que todos vocês, todas vocês, tem se empenhado, continuarão se empenhando, como eu, nesta longa caminhada em direção ao nosso verdadeiro ser. Feliz 2013.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

No hay tiempo

El tiempo va pasando, el tiempo parece parar, pero el tiempo no para. El tiempo pasa y se compacta. Viene como en oleadas, y se detiene. Te paras, te fijas, ¿Adónde va el tiempo? Miras alrededor, miras hacia adentro tuyo, y ves todo el tiempo vivido. Te parece increíble, tantas cosas, tanta gente, tantos lugares. Tiempos de estudiante, tiempos de niño. Tiempos de viajes. Tiempos de pintura, tiempo de colores. Tiempo, tiempo, tiempo ¿Adónde va el tiempo? ¿Adónde se ha ido el tiempo, si esta noche, a esta hora, exatamente en este minuto en que escribes estas cosas, parece que todo el tiempo se ha compactado en un instante del que parece que a cualquier momento va a surgir el instante siguiente? Miras el día, el mosaico de horas, de rostros, de lugares. El mar a la noche. La luna en el cielo. Las luces de la ciudad. La luna en el mar, reflejada en las olas, como un paisaje quieto. La gente en la vereda, los niños, los vendedores. El cielo fundido con el mar, y los barcos y las luces flotando en lo negro de la noche. ¿Adónde se ha ido el tempo? Los rostros, las caras. Los amigos en la reunión de la mañana. El tiempo contenido dentro de sí mismo. ¿Adónde va el tiempo?

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Nada devo

Esta manhã pensei que poderia ser uma experiência interessante, pensar que eu não devia nada a ninguém, nem nada a mim mesmo, que estava zerado, quanto a dívidas. Veio uma paz muito grande. Foi um instante fugaz, não lembro se foi numa loja onde fui comprar lençóis com a minha esposa, ou em algum dos trajetos percorridos. O caso é que, pensei, se não devo nada, nem aos outros e nem a mim mesmo, estou em paz. Veio, como digo, uma alegria muito grande. Mas veio também um vazio. E o vaziou foi como uma porta, uma libertação. Se não tenho dívidas, se não devo nada e se ninguém tampouco nada me deve, tudo está como deveria ser. Não há uma rede de cobranças e nem de exigências de mim para com os outros ou de mim para comigo mesmo, e nem tampouco dos outros com relação à mim. Zerado. Estou zerado, pensei. Acho que este exercício abre uma possibilidade. Não é que, de verdade, eu não deva nada. Pode até ser que deva. Mas me permito pensar, por um momento, que não devo nada e que ninguém me deve. Que o mundo foi resgatado do comércio e do mercantilismo, do devo e me deves. Não devo e nem me deves. Não é melhor assim? Ao menos como exercício, como uma possibilidade. Pensei nas pessoas todas que amo, os seres que moram no meu coração, as pessoas queridas das redes que constituem a minha vida. Durante muito tempo pensei que devia a eles, a estes seres sem os quais não concebo a minha vida. Mas isto me penalizava. Me fazia sentir em falta, permanentemente. Eu não lhes devo nada, e nem me devem. Os amo, as amo, mas isto não estabelece obrigações de parte a parte. É gratuito. Quando fiz este exercício, de manhã, e agora que escrevo, vem uma sensação como de começo. Uma limpeza interior. Um espaço dentro de mim. Há uma possibilidade. Não necessito das cobranças interiores, de mim para comigo mesmo. Dispenso o cobrador interno, ao menos neste momento. Quem sabe possa vir a dispensá-lo definitivamente, mas por enquanto, penso que, agora, neste instante, nesta véspera de Natal de 2012, não devo nada. Nem a você, nem a mim, nem a ninguém. Estou zerado. Há uma possibilidade. Sinto o recomeço da vida. Um nascimento. A minha infância. O tempo primeiro, o tempo primordial. Recomeço.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Experimentando atitudes

Estes dias passados, tenho dado atenção a algumas atitudes, ou alguns aspectos do ser humano, que me parece interessante partilhar. Um deles, se refere à diminuição da auto-exigência, ou da exigência em geral, como uma forma de viver mais livre e solta, mais fluente. Isto tem a ver com as expectativas. Cada vez que espero algo que não acontece, algo que não está ou que eu não encontro, me frustro. Se afrouxo, por assim dizer, as expectativas e as exigências, posso experimentar a vida desde um lugar de paz. Desde uma tranquilidade maior, que me inclui e inclui tudo e a todos à minha volta. A exigência, a expectativa exagerada, geram rechaço, rejeição, ao mesmo tempo que nascem do rechaço e da rejeição. A aceitação, ao contrário, é um movimento de acolhimento. Na medida em que vou me abrindo para uma maior aceitação do ser que sou, e do mundo e das pessoas à minha volta, uma harmonia maior começa a me ajustar à rede relacional, ou melhor dizendo, às redes relacionais de que faço parte. Desde a mais estreita e a primeira, a família, até as que vão se estendendo ao meu redor, os amigos, os colegas, os vizinhos, as pessoas que vou encontrando na minha vida diária na rua, na padaria, na feira, no mercadinho, na calçada, na praia, aonde for. Obviamente, a aceitação tem limites. Do que estou querendo tratar aqui, é de uma relação padrão, de uma atitude interior de fluência, de aceitação, em primeira instância. Esta atitude de acolhimento, pode e deve ter os seus limites, na existência efetiva, mas ela predispõe para um convívio mais amoroso, menos conflitivo. Pretende-se que o acolhimento e a compreensão, substituam o preconceito e o medo, geradores de violência e discriminação. Outras capacidades humanas que tenho estado observando, se referem à potencialidade e à possibilidade, como contrapostos à efetiva realização de alguma coisa. Muitas vezes, damos excessiva importância ao fato de realizarmos alguma coisa, sem percebermos que a realização pode ser apenas imaginária. E este “apenas” pode e deve ser ressaltado, pois a imaginação é um campo poderosíssimo de realização, sem os ônus da realização efetiva. Por vivermos em uma cultura excessivamente voltada para o objetivo, para o concretamente comido, bebido, vestido, comprado, etc, usado em geral, muitas vezes perdemos contato com as nossas capacidades mais sutis, os nossos sentidos espirituais, a nossa capacidade, como seres humanos, de construirmos e habitarmos mundos infinitos com a nossa imaginação. Isto se refere à nossa capacidade de apreciação, de desfrute da beleza, de expansão da capacidade mental a través do estudo, da nossa capacidade de nos unificarmos com o todo, com Deus, a través da meditação e da oração, etc. O gozo artístico e espiritual. Com o passar do tempo, a nossa realidade humana vai se sutilizando. Já nos satisfazem mais estes gozos espirituais do que os propriamente materiais, conquanto uns e outros, todos em conjunto, fazem parte da nossa forma de estar no mundo, como criaturas unidas à totalidade da realidade, partes indivisas de um cosmos em pulsação, que nos integra e nos inclui totalmente e essencialmente. Precisamos estar atentos e não perder a possibilidade de irmos descobrindo mais e mais de nos mesmos e do mundo de que somos parte. Viver envolve a possibilidade de um olhar novo a toda hora.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Mosaico del día

El día se iba armando como un mosaico. Veías cada instante de este día. La ida a la verdulería de mañana temprano. El portero del edificio. La vereda, los peatones de esas horas primeras. El día de ayer, los días anteriores, juntándose a este instante como un tablero gigantesco, una mandala infinita. El cielo que vieras de mañana, al levantarte. Ese celeste, las nubes apenas pintadas de amarilllo. El sol en el cielo, muy tenue todavia. Los pajaritos cantando. Recordaste a tu padre y a tu madre. Hay algo muy especial en esas horas iniciales. Una cosa muy buena en el ambiente. El cosmos parece arrullarte, te anida. Y ya ahora, cuando las calles y los autos, cuando su sonrisa cautivante, cuando sus ojos, cuando este juego de amarse te construye y te junta cada vez que la vida te disperse. Dejas que el día siga armando, como un río que va por donde se le antoja. Dejas que el día se siga armando. El día se va armando, como un rompecabezas infinito.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

La hoja

A veces siento como que la hoja me está llamando. Me está diciendo vení, che, que este es tu lugar. Cuando escucho ese llamado, como ahora, trato de atenderlo. No siempre puedo de manera literal y directa. Agarrar una hoja y ponerme a escribir. Ahora es como si fuera lo contrario, la hoja es la que me quiere envolver, quiere hacerme un lugar. Talvez sea el reverso de lo que ha venido siendo todos estos años, todo este largo tiempo de buscarme en el papel, de tratar de encontrar un lugar en la hoja, en las hojas, en lo que voy viendo de mí y del mundo alrededor, de la vida, en lo que escribo y en lo que leo. Ahora, en este exacto momento, la sensación es la de un llamado. La página me dice que venga, y voy. Ella se va doblando como un barquito de papel que me va llevando, y me voy. Me voy, y ese irme es volver. Voy volvendo a mí mismo a medida que voy siendo envuelto por la hoja. Esta hoja es mi casa. Yo soy esta hoja.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cuando vuelven las hojas

Muchas veces, cuando andas por ahí, vienen las hojas. Vuelven las hojas que escribiste y las que leíste. Aquellas que se tornaron parte de tu vida, pues has ido recogiendo, con el tiempo, pepitas de oro que a veces lees en lo que escribes, a veces lees en lo que lees, a veces lees en el libro del mundo y de la vida. Y cuando vuelven las hojas, como ayer a la tarde, como tantas otras veces, otras tantas tardes, te sientes envuelto en un capullo que vos mismo fuiste creando, en esta lenta tarea de dejar que la vida baje a las páginas. En esta lenta tarea de irte encontrando en las páginas de los libros que fuiste leyendo, que fuise escuchando cuando eras chico. Los cuentos que tu mamá te contaba, las canciones que tus abuelas cantaban. Y en este volver de hojas, que va construyendo para tí veredas en el cielo, o hacia el cielo — a veces uno no encuentra bien la forma de decir algunas cosas que son muy ciertas y evidentes, pero no fáciles de transmitir con palabras — cuando vienen las hojas y ellas te envuelven en este otoño interminable en el que vienes internándote desde hace ya tanto tempo, ese dulce oro, esas hebras de sol que te rodean y te sostienen, son la evidencia de la fe en que te apoyas y que te alimenta. Cuando vienen las hojas, dejas que te envuelvan. Han de envolver a tantas otras personas en el mundo, que en tantos otros tiempos, ahora y siempre, se han venido cobijando en las páginas que ellas mismas fueron construyendo con sus actos, con sus trabajos, con sus manos, com sus sueños, con su amor. Pues el motorcito que nos mueve en la vida, todo el mundo lo sabe, es el amor. Es el amor quien pinta ese triste oro de las tardes, ese portal de eternidad que se abre para dejarte ver un vislumbre del lugar al que perteneces, esa morada de paz y de luz que eres tú mismo, que es tu propio corazón. Cuando vienen las hojas, como ayer a la tarde por las veredas del cementerio, la familia en procesión despidiendo a Dona Marieta, escuchaste una vez más lo que sabes, lo que todo el mundo sabe: que sólo el amor permanece. Sólo el amor vence a la muerte. Cuando vienen las hojas, como las de aquellos almanaques que cuando eras chico veías, con una hoja para cada día, sabes que las hojas han ido pasando. Como pasó tu madre Gita, como pasó el Padre Comblin, como pasaron Mamina y la abuelita Oliva, como pasaron Ramón y Carlos, como pasó Feliciano Muñoz, como pasó Chogo, Juan Lazarte, como pasó Dom Fragoso. Como pasaron todos los que pasaron antes de tí, como fue recordado ayer por el Hermano Alder Calado, en el velorio de Maria de Oliveira Ferreira. María de Oliveira Ferreira. Recordarías este nombre. Recordabas su sonrisa, sus chistes, su alegría de vivir. Esa luz en ese rostro que resistió a la muerte tanto cuanto pudo. Cuando vuelven las hojas. Vas viendo las hojas que te envuelven, las hojas que el viento sopla. Sos una hoja que pasa.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Paisajes

A veces uno se pone a escribir, como que para pasar el tempo. Y, al mismo tempo, a ver si viene algún buen sentimento. Cuando escribes, convocas unos mundos tan agradables, mundos infinitos contenidos en tu imaginación. Lugares que visitaste o sobre los cuales leíste, en las infinitas jornadas de lectura en las que has venido sumergiéndote a lo largo de tu vida. Entonces son aquellos paisajes cienagosos de El amor en los tiempos del cólera, de García Márquez. O bien las Crónicas Marcianas, de Ray Bradbuy. O quien sabe En las montañas de la locura, de Howard Philips Lovecraft. O quizás La vuelta al día en 80 mundos, de Julio Cortázar. De pronto evocas esos paisajes sin fin que te contienen, y por un tempo que se te figura eterno, huyes hacia esas regiones crepusculares. Foto: Ray Bradbury

sábado, 1 de dezembro de 2012

Alegría de vivir

Como tantas otras veces, esa tarde se ponía frente a la hoja y dejaba que las letras fueran bajando despacito. Fueran llegando, ocupando sus lugares. Cuando empezaba a ver las primeras en la hoja, se alegraba en su corazón. Era como si volviera en el tiempo, los primeros cuadernos, los primeros dibujos. El tiempo primero. Verdaderamente existe en nosotros un lugar de permanente felicidad. Cuando somos niños, todo nos alegra. Todas las cosas son una fuente de alegría. Mirar una araña te alegra, o un racimo de uva en la parra, o las flores en las macetas del patio, o las hormigas yendo en fila de aquí para allá. Uno está contento y no se pregunta por qué. Está contento, punto. Después tenés que empezar a darle explicaciones a la gente sobre por qué te reís. Se creen que te reís de ellos. Te reís porque estás feliz, porque sos feliz. Muchos años han pasado, pero esa alegría está en vos, está dentro de tí. No necesitás algún motivo en particular para estar feliz. Basta estar vivo.