quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Insistência humanizadora


A sombra do nazismo sobre o país

A indústria da desumanização em andamento

Não vou desistir e a minha maneira de resistir é insistir no trabalho cotidiano por me tornar cada vez mais eu mesmo, não me deixar apagar pela onda de desvanecimento da pessoa que nos envolve.

Olho para mim e vejo a soma dos atos que me constitui, a reunião de esforços acumulados ao longo dos anos, que deu como resultado esta unidade que sou. Eu não sou uma pessoa genérica, mas sim uma pessoa singular, particular.

Não existem pessoas genéricas, não há algo como uma humanidade genérica. As pessoas são concretas, ou podem vir a ser desde que arregacem as mangas e se disponham a esta tarefa. Não existe uma humanidade em geral, mas humanidade específica e concreta.

Querem varrer a história e a filosofia, a educação e a sociologia, a pedagogia da libertação e a arte. Tudo que nos faz humanos é tão precioso como a própria vida. A vida é a arte. A arte suprema é o sobreviver às pressões desumanizadoras.

Tratam de apagar os nossos contornos, desde a TV e desde as redes sociais, desde o poder e desde as empresas e igrejas domesticadoras. Eu não sou isso, eu vou morrer como sou, vou morrer a pessoa que sou, não a que querem que eu seja. Assim, decido viver a pessoa que sou.

Ontem na sala de espera da dentista, a TV propagando a sua mensagem de morte e medo. Família chacinada encontrada na mala de um carro. Criança envenenada numa escola. Tive que pedir para a atendente tirar essa pregação de cima de mim.

É tão natural nos deixarmos morrer. O que foi que fizemos de nós mesmos/as? Aonde foi parar a nossa humanidade? O que é que ficou do ser que somos, ou que poderíamos ser? Eu não vou desistir. Vou insistir sempre com o mesmo: o ser não têm preço, não se vende.

Sobrevivi até agora, e vou prosseguir. E a minha sobrevivência está assentada em tarefas pessoais e comunitárias. Construção e fortalecimento de vínculos pessoais saudáveis. Reforço e recuperação da auto-estima. Fortalecimento do sentido da vida pela arte.

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