segunda-feira, 12 de julho de 2010

Voltar, vencer

Na sexta-feira passada, passei por uma experiência que sinto necessidade de partilhar. Não desde o ponto de vista de uma vítima, embora eu e a minha esposa tenhamos ficado sob ameaça de arma de fogo e de faca, amarados, reféns na nossa própria casa, mas desde o ponto de vista humano, ou, melhor, desde um ponto de vista humano. Tenho pensado muitas vezes, desde então, o que é que os ladrões levaram de mais valioso desta vez.

Tenho voltado a ter as sensações que me acompanharam durante anos, de medo, paranoia, desconfiança, insegurança. Depois de muitos anos de árduo trabalho, tinha começado a viver em paz, a confiar outra vez nas pessoas, a acordar de manhã e passar o dia numa calma benfazeja que me fazia apreciar a vida no que tem de mais belo. Isto virava poemas que partilhava com amigos e amigas, com colegas da terapia comunitária e do grupo de Igreja de que participo.

Sei que isto voltará, não sei quando, mas posso dizer, a todos e a todas que me lêem, que sei que hei de voltar novamente, como voltei da primeira vez, como continuarei voltando, porque é destino humano se ter de volta cada vez que nos perdemos. Ninguém volta sozinho, isto sabemos, e sinto ao meu lado a presença de tantos seres amados, de luta e de força, incansáveis parteiros e parteiras da esperança e do amor. Sei que hei de vencer, porque o amor vence sempre e nada há superior ou maior do que o Amor.

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