quarta-feira, 6 de junho de 2012

Livro contínuo

Hoje de manhã vira o mar, a superfície desenhada de ondas que se movimentavam lentamente. Pareceu-lhe uma linguagem, como se as ondas e as suas cristas e sombras, fossem letras ou palavras, frases, algo que estava sendo dito, algo que era dito dessa forma. Nunca antes tivera essa impressão. Cada dia traz alguma novidade, ou muitas, mas esta foi digna de lembrança agora, quando a chuva, quando a noite, quando a soma de atos e de fatos do dia, forma como que uma mandala, uma escada girando, uma escada giratória que sobe e desce. Todos os rostos, os lugares. O livro em andamento, os professores votando na universidade, as ruas molhadas, as lojas de móveis. A conversa com o amigo de manhã. A noitada de ontem, na igreja de Santo Antônio de Lisboa. E as ruas, os atos, os fatos, os rostos, o sentido, o vivido, o pensado, o imaginado, como uma mandala que gira, que gira e dá mais voltas, como diz a canção. Um livro contínuo que vens escrevendo, que vem sendo escrito, que é escrito continuamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário