segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Apostar na vida

Apostar na vida.

Alegria do encontro

Perto do Natal.

Rogaciano.

Menos julgamentos. Menos demanda.

Menos exigência.

Mais cotidiano.

Mais convívio.

As conversas antigas vão chegando.

O mundo externo é mais contíguo, mais contínuo com o interno.

Apostar na vida.

Não falo desde a minha idade, mas desde o meu ser.

Este é o tempo.

Chegam as pessoas. As pessoas me chegam.

A fala includente.

O poder da voz própria.

Revolução social. Temos o direito se ser mais do que meros objetos de uso ou abuso sexual, econômico, o que for. Somos humanos e temos o direito de sermos tratados como seres humanos.

Tenho orgulho de ser quem sou.

Fui me vendo numa história não minha feita do que não sou nem quero nem amo nem propagandizo

Me descolar dessa história alheia metida, intrometida, me deu trabalho!

Fui me tendo e continuo a me ter de volta a pessoa que sou, o que é para mim o triunfo de toda uma vida dedicada a esta tarefa

Não venho de uma classe pobre, mas pertenço à classe trabalhadora e tenho trabalhado consequentemente pela libertação dos e das oprimidas/os

O sentido da vida para mim é sentir a vida

Desfrutar da vida cada segundo

Édouard Louis me ajudou a contatar novamente a criança que fui e sou

Um menino que aprendeu a ler com 3 anos de idade

Para que e por que ler?

Para poder ser admirado, aceito, querido. Para me sentir no mundo. Lembro dos gibis que lia e dos livros de contos

Para ser respeitado

Com vocês aqui nas Travessias Literárias estou sendo de novo mais inteiro.

Pude me descolar de uma história alheia que se me tinha colado, metido adentro.

Agora volto a ter prazer. Muito prazer.

“Muy cerca de mi ocaso, yo te bendigo, vida,
porque nunca me diste ni esperanza fallida,
ni trabajos injustos, ni pena inmerecida;

porque veo al final de mi rudo camino
que yo fui el arquitecto de mi propio destino;

que si extraje las mieles o la hiel de las cosas,
fue porque en ellas puse hiel o mieles sabrosas:
cuando planté rosales, coseché siempre rosas.

…Cierto, a mis lozanías va a seguir el invierno:
¡mas tú no me dijiste que mayo fuese eterno!

Hallé sin duda largas las noches de mis penas;
mas no me prometiste tan sólo noches buenas;
y en cambio tuve algunas santamente serenas…

Amé, fui amado, el sol acarició mi faz.
¡Vida, nada me debes! ¡Vida, estamos en paz!

Amado Nervo, En Paz.

(Suscitado pela leitura e escuta de Edouard Louis, “Monique se liberta”)

 

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